10 de jun. de 2010
Um Certo Coração
Tava tudo lá no cantinho, amontoado, em caquinhos. Eram tantos os pedaços, tava tão quebrado, tava todo estilhaçado. Juntei com cuidado, deu um trabalho... foi demorado. Havia uma parte que nem tinha mais conserto, tava cheio de defeito,apesar disso, fui dando um jeito. Aí, comecei a reconstrução levou um tempão, quando tava tudo encaminhado, que já tava tudo encaixado, deu um problema, ah !! Meu Deus...que pena ! Passou um vendaval tremendo, uma brisa, um vento... nem sei... e destruiu ele de uma vez. Foi difícil reunir tudo novamente, quase fiquei doente. Recomecei então a reconstrução, Sem a ajuda de ninguém, pedir ajuda pra quem ? Aí, catei tudo aos pouquinhos, com muito carinho. Tinha uma história, um segredinho. Fui pegando um por um, juntando novamente, ele foi ficando mais decente, já tava até parecendo um coração, apesar de muito carente. Mas agora dentro dele, não tinha mais emoção, ele tava vazio oco e frio. Não batia mais alucinado, isso agora era coisa do passado. Guardei-o na gaveta Só de recordação pra manter aquela ilusão. Aquele coração...nem era mais o meu não, o meu sempre foi quente, animado e ardente, e aquele tava retalhado, frio e amargurado. O coração que eu tinha no peito não tinha defeito, sangrava de todo jeito, mas sabia bater com precisão. Ele enchia o corpo de paixão, transbordava a mente de ilusão, arrepiava a pele de tesão, ah !! esse que tava estragado, num era meu não. Vou deixar ele guardado, prefiro viver sem coração do que com esse remendado, duro e maltratado, seco e arruinado. Se alguém por aí puder me ajudar, eu vou gostar. Preciso de outro novo prá comprar, zero quilometro, tinindo, que não viva se partindo, que não se iluda a todo instante que seja forte, com um vermelho vibrante. Dá pra você me ajudar ? Ei...você aí...que quebrou ele todinho que não lhe teve nenhum carinho. Fique sabendo viu ?
Ele não tinha garantia...
Portanto a culpa é sua, por tremenda covardia.
(Silvana Duboc)