24 de ago. de 2024

 



"- Estás à espera de quem?
- Já não espero ninguém! Estou só a usufruir a brisa passar.
- Não tens família?
- Tenho! Deixei de esperá-los...
- Estão zangados?
- Não! Estamos resolvidos, de bem... com a vida!
- Como assim?
- Aprendi com os anos de caminho que não devemos esperar ninguém!
- Mas... uma mãe deve esperar sempre os seus filhos.
- Por muitos anos achei que sim... depois aprendi que só esperamos na ilusão de posse.
No dia em que entendemos que ninguém pertence a ninguém, que até os filhos são do Universo.
Passamos a Ser livres para receber, sejam os filhos ou tudo o que a vida nos reserva!
- E quando os filhos não chegam?
- Quem nada, nem ninguém espera, tudo é só vida a acontecer.
- É difícil de entender!
- Eu sei. Fomos iludidos a sentir amor como apego, quando a verdade é que o autêntico Amor é saber desapegar, Amor é liberdade para amar sem prender, para amar permitindo ao outro voar!
- E não sentes solidão?
- Ela não existe para quem resgatou para si o direito de também continuar a voar.
E hoje, mesmo de forma diferente, aceito e ajusto e continuo a permitir-me ao meu voo!
- E quando não conseguires?
- Eu acredito que quem se permite Ser livre, a morte chegará leve, quando o meu corpo físico deixar de poder voar, partirei de regresso à casa!
E sabes...
Acredito também que esse é o propósito da vida, nunca deixar de voar.
Para em Alma voo para Sempre SER!
Até lá...
Vou continuar a usufruir simplesmente a brisa passar..."

(Sónia Machado Araújo. In. Fragmentos da minh'Alma.)