Escreverei nas paredes com lápis de cores diversas, pularei nos sofás de sapatos e tudo. Beberei das garrafas e as deixarei vazias e fora da geladeira, vou escovar os dentes e deixar a pasta aberta em cima da pia.
Vou tomar banho e deixar a toalha molhada em cima da cama. Vou carregar tudo que é copo e prato que eu puder pro quarto. Minhas roupas vou deixar espalhadas pelo quarto, meias embaixo da cama.
Quando me chamarem para o jantar que eles prepararam, não vou comer as verduras, as saladas ou a carne, vou derramar leite na mesa, na toalha limpinha que acabaram de colocar.
Vou fazer birra pra tomar os remédios e quando se zangarem, corro ― se for capaz!
Sentarei bem perto da TV e vou mudar de canal o tempo todo. Tirarei os chinelos pela sala e perderei sempre um pé, vou fugir e ir pegar um sol, sem avisar.
E mais tarde, à noite, já deitada, vou agradecer a Deus por tudo, fechar meus olhinhos para dormir, e meus filhos vão olhar para mim com um meio sorriso e vão dizer:
― Ela é tão doce quando está dormindo!"