25 de ago. de 2023



A vida é sopro. Fagulha. Trem que passa ligeiro. Quem não embarca, perde o momento. Segue outra viagem. Em efeito borboleta, novas e diferentes facetas vão aparecendo. Outras pessoas. Novos encontros. Outros acasos. Algumas vezes, achamos a sorte. Em outras, fracassos.

Quem pode saber? Se cruzamos de repente com alguém que irá mudar a nossa vida para sempre? Um amor. Um parente. Um bandido. Um futuro marido? O que teria acontecido se aquele dia você não tivesse adormecido? A chave esquecido? Ou, simplesmente se arrependido? Tão humana essa nossa pretensão. Doce ilusão. De controlarmos alguma coisa em nossa trajetória. Prever nossos dias. Nossas horas. Se a qualquer momento vamos embora. E nos tornamos só memória para quem um dia nos amou e conheceu.

Naquela noite ela nasceu... Branca. Brilhante. Cheirosa. Perfumando o ar do jardim. O forte aroma me fez sair de casa para sentir. Era a dama da noite! Olhei feliz. Num rápido apreciar. Amanhã vou fotografar. Mas a dama da noite é breve. Única. Singular.

No dia seguinte não estava mais lá! Restava fria no chão. Murcha. Sem vida. Com um mórbido aroma de recordação. Olhei sem pegar. Outras damas viçosas estarão hoje à noite no seu lugar. Mas aquela se foi. Perdi. Como algumas chances na vida, que foram despercebidas num instante fugaz.

A linda dama saiu de cena depois do primeiro desabrochar. Exibiu seu perfume e beleza. Depois fechou-se para o mundo e caiu. Outra dama entrará no palco esta noite para se apresentar... Mas aquela dama. A mais branca. Única. Que brilhava pra mim na noite escura. Nunca mais.

Não deixe passar!

(Ines Bari)