Que a solidão não te assuste. Pois, ficar só, saber ser só, gostar de si, da própria companhia, do próprio espaço e do próprio tempo, é um privilégio. 

Não se assuste se a solidão te visitar. Só não a deixe chegar acompanhada da carência, pois a carência bota tudo a perder.

Mas a solidão é muito bem-vinda. É muito bem quista. É muito bom saber viver consigo. Entender de si. Conhecer a si mesmo. Compreender os nossos próprios limites. Perdoar os nossos defeitos, criar as nossas próprias regras para que ninguém ouse nos magoar. 

E quando o assunto for amor, é sabendo viver na solidão que encontramos o aconchego para ser uma boa companhia para quem quer que seja do bem.

Não se assuste se precisar ficar só. Não se assuste se já está sozinho ou sozinha há algum tempo. Não se cobre muito para ter alguém e não deixe as cobranças externas te colocar em caminhos equivocados. 

Aproveite o máximo que puder para se permitir viver. Admirar as coisas simples. Admirar a sua imagem no espelho da alma. Ser a sua própria estrela guia na estrada da vida. Fazer dos seus desejos, uma ordem.

O bom de aprender a ser só, é que aprendemos a conviver seja lá com quem for. Aprendemos a continuar somente em histórias que vale a pena. Em um amor que é aconchego. Caso contrário, voltamos de boaça para a paz da nossa solidão. Apreciando a nossa música, o nosso livro, a nossa religião e a nossa série preferida. Sem que ninguém nos encha o saco. 

Saber ser só é saber ter a disposição de saber exatamente quem a gente quer para nossa vida. Por isso é tão necessário se entregar para a solidão em algumas fases da nossa vida. Para que a gente descubra que não existe, em nenhum lugar do mundo, companhia melhor e mais especial do que a nossa.

(Edgard Abbehuse)