9 de ago. de 2022



Eu já guardei tanta coisa...

Algumas continuam lá, esperando uma utilidade, outras estão lá por me fazerem bem, porque merecem ficar.

Guardei sorrisos e abraços para quando encontrasse o dono, ainda não sei se fiz bem.

Guardei palavras que jurei dizer por pensar serem importantes, mas nunca disse.

Guardei segredos bobos e sérios também, meus e os de quem confiou em mim.

Guardei papel de carta, de chocolate, folhas secas, pétalas desidratadas, mimos e futilidades adoráveis.

Guardei alguns sonhos, me arrependi, guardei um impulso, depois comemorei.

Guardei um vestido bonito, vontades, verdades, silêncios, pedidos de desculpas, errei.

Guardei a frase feita e fiz a coisa certa, guardei a resposta merecida e fiz a coisa errada.

Guardei uma prece feita com fé por alguém que nunca soube da minha torcida, silenciei.

Guardei escritos com remetente ou não, protegidos pela sensatez ou minha timidez.

Guardei mágoas, algumas me desfiz, não valiam ocupar espaço, outras fiz questão de manter por me fazerem lembrar de como não se faz.

Mas nada me faz mais feliz do que ter guardado a lembrança de demonstrações de afeto, de palavras amigas, de lugares e pessoas que me fizeram bem.

Esses são guardados sagrados, merecem o lugar especial que tem.

(Rita Maidana)