6 de jul. de 2022



Não sou feita desse ferro que não se desgasta!

Não tenho as garras afiadas de uma fera, nem respiro fogo como um dragão.

Sou esta mulher que já engoliu muitos sapos e que tantas vezes virou as costas à realidade.

Sofri para não magoar, curei dores que não me pertenciam e esqueci-me tratar os meus males.

Cresci ao som das tristezas e os sonhos para mim foram companheiros de lágrimas, que me habituei a educar.

Fiz desse mar de lágrimas o mar revolto onde por vezes soube navegar!

A vida nem sempre me deu doces, mas demasiadas vezes me presenteou com limões amargos.

Por isso, eu aprendi a sofrer e fui bebendo desse veneno que não me conseguiu derrubar.

Não sou forte o tempo todo, sou mais frágil do que pensam.

Sou feita de todas estas fragilidades, desses retalhos que fui costurando durante toda a vida, para resistir ao frio da tempestade que soprou, mas nem assim me derrotou.

Eu não sou forte, mas a fragilidade de existir fez de mim uma guerreira.

(Angela Caboz)