POR QUE NÃO VIREI UMA BORBOLETA?
Porque no barco que muitos estavam, eu era quem remava sozinha, preocupada sempre se todos estavam bem, menos eu...
Sempre querendo agradar a todo mundo, permaneci adormecida no casulo quando muitos criaram asas e voaram para longe...
Quando as tempestades da vida vinham, eu esquecia que precisava viver e acolhia a todos, não me preocupando se seria retribuída ou se algum dia se lembrassem de mim...
Sei que o tempo passou e quando muitos fizeram festas, eu envelheci vendo a vida passar sob os meus olhos, sempre na linha de frente...
Deixei amores pelos caminhos, histórias que talvez teriam dado certo se tivesse preocupado mais comigo e não com os outros...
Hoje todos foram embora e no silêncio da tarde às vezes me pergunto:
O que fiz da minha vida, se ela me apresentou tantas oportunidades para ser feliz?
Agora, mesmo que saia do casulo e tente uma nova vida, as minhas asas estarão cansadas e o tempo já não será tão amigo assim, me mostrando as minhas limitações...
Sei que alguns sorrisos brotarão da minha alma, mas a borboleta que um dia sonhei em ser, não terá a mesma vivacidade de cores de quando era jovem e tinha o mundo aos meus pés e não pude aproveitar...
Agora é viver assim, olhar quem virou uma bela borboleta e lhe desejar céus azuis de belas tardes longínquas...
(Marcelo Vyesa)