23 de nov. de 2021



Um amigo veio à minha casa tomar café, sentamo-nos e conversamos sobre a vida. Passado algum tempo interrompi a conversa e disse-lhe: "Vou lavar a louça, volto já".

Ele olhou para mim como se lhe tivesse dito que ia construir uma nave espacial. Então disse-me com admiração e um pouco perplexo: "Que bom que tu ajudas a tua esposa, eu raramente ajudo a minha, porque quando o faço ela nunca me agradece. A semana passada lavei o chão e ela nem me disse obrigada".

Voltei a sentar-me com ele e expliquei-lhe que eu não "ajudo" a minha esposa. Na realidade, a minha esposa não precisa de ajuda, ela necessita de um sócio, um companheiro de equipe. Eu sou o seu sócio em casa e devido a essa sociedade dividem-se todas as funções, que não se trata de uma "ajuda" com as tarefas domésticas.

Eu não "ajudo" a minha esposa a limpar a casa, porque eu também vivo nela e é necessário que eu também a limpe.

Eu não "ajudo" a minha esposa a cozinhar, porque eu também quero comer e é necessário que eu também cozinhe.

Eu não a "ajudo" a lavar a louça depois de comer, porque eu também uso esses pratos.

Eu não "ajudo" a minha esposa com os filhos, porque eles também são meus e é meu dever ser pai.

Não "ajudo" a minha esposa a lavar, estender, dobrar e guardar a roupa, porque a roupa também é minha e dos meus filhos.

Eu não dou uma "ajuda" em casa, sou parte dela.

Depois com respeito, perguntei ao meu amigo quando foi a última vez que, depois que a sua esposa terminou de limpar a casa, lavar a roupa, trocar os lençóis da cama, dar banho aos seu filhos, cozinhar, organizar, etc... e ele lhe agradeceu?

Mas um verdadeiro agradecimento, do gênero:
"Uau, querida!! És fantástica!"

Tudo isto parece absurdo? Está a parecer-te estranho? Quando, uma vez na vida, limpaste o chão, esperavas no mínimo um prêmio de excelência com muita glória... porquê? Nunca pensaste nisso?

Talvez, porque para ti, a cultura machista te tenha ensinado que tudo seja tarefa da mulher. Talvez tu tenhas sido ensinado que tudo isto se deve fazer sem que tu tenhas que mexer um dedo.

Então elogia-a como tu gostarias de ser elogiado, da mesma forma, com a mesma intensidade. Dá-lhe a mão e comporta-te como um verdadeiro companheiro, e assume a tua parte, não te comportes como um hóspede que simplesmente vem comer, dormir, tomar banho e satisfazer as necessidades sexuais... sinta-te em casa, em tua casa.

A mudança na nossa sociedade começa nas nossas casas, ensinando aos nossos filhos o verdadeiro sentido de companheirismo.