1 de out. de 2021



Carta de uma idosa moradora
de um lar para terceira idade.

"Esta carta representa o balanço da minha vida.

Tenho 82 anos, 4 filhos, 11 netos, 2 bisnetos e um quarto de apenas 12 metros quadrados.

Eu não tenho mais casa e nem minhas coisas amadas, mas eu tenho quem arruma meu o quarto, me faça comida e me faça a cama, me controla a pressão e me pesa.

Não tenho mais risadas dos meus netos, não posso mais vê-los crescer e abraçar. Alguns deles me visitam a cada 15 dias; outros a cada três ou quatro meses; outros, nunca.

Eu não faço mais bolos ou ovos recheados e nem rolos de carne moída, nem ponto cruz. Não tenho passatempo, nada para fazer, e é o gato da casa que me entretém um pouco.

Não sei quanto tempo me resta, mas preciso me acostumar com essa solidão. Faço terapia ocupacional e ajudo no que posso quem está pior do que eu.

Embora não queira me apegar muito, pois eles desaparecem frequentemente.

Dizem que a vida é cada vez mais longa.
Por quê? Para quê?

Quando estou sozinha, posso olhar para fotos da minha família e algumas memórias que trouxe de casa. E isso é tudo.

Espero que as próximas gerações entendam que a família se constrói para ter um amanhã (com os filhos) e retribuir aos nossos pais com o tempo que nos presentearam para nos criar."

(D.A)