CUIDE DOS SEUS VELHINHOS
Fabrício Carpinejar
O mais difícil do amor é cuidar à distância.Usar todos os recursos para se fazer presente sem estar presente.
Com a epidemia do coronavírus, nunca foi tão essencial não visitar os avós, que são o mais frágil grupo de risco. Para evitar até a gripe incubada ou assintomática. Você jura que não está infectado, e pode repassar o COVID-19 a quem enfrentará maiores dificuldades respiratórias.
Se para o jovem o vírus tem status de uma gripe, já para o idoso tem a potência fatal de uma pneumonia. Eles ficarão chateados, com dificuldades de entender a gravidade da situação. Porque é contra intuitivo permanecer longe.
Será necessário redobrar as explicações e preveni-los sem assustá-los, dizendo que é somente uma fase, um período provisório de resguardo, e tudo logo voltará a ser como antes, olho no olho, pele com pele. Nada mudará na relação, apenas voltaremos ao tempo das cartas, ao afeto escrito.
Um abraço, um colo, um dengo devem ser feitos pelas palavras, pelos telefonemas, pelas chamadas de vídeo.
Manter-se acessível, sem desacreditar a força da contaminação.
Jamais deixar de dar assistência, mas com todas as precauções para não aumentar a vulnerabilidade deles.
Não aparecer, estranhamente, é hoje uma prova de amor.