28 de ago. de 2019


Regressar à Inocência

Seja como as crianças, mantenha os olhos abertos, sem preconceitos escondidos atrás da vista. Se olhar com clareza, pequenas flores, ou pedaços de relva, ou borboletas, ou um pôr-do-Sol proporcionar-lhe-ão tanta felicidade quanto a que Gautama Buda encontrou na sua iluminação. Isto não depende das coisas, mas sim, da sua abertura. O conhecimento fecha-o; transforma-se numa cerca, numa prisão. Mas a inocência abre todas as portas e todas as janelas. O sol entra e uma brisa fresca flui. 

De repente, o perfume das flores faz-lhe uma visita. E de vez em quando um pássaro virá cantar uma canção e entrar por outra janela. A inocência é a única religiosidade que existe. 

A religiosidade não depende das escrituras sagradas nem do que se sabe sobre o mundo. Só depende de se estar preparado para ser como um espelho límpido, que nada reflete. 

Um total silêncio, inocência, pureza... e toda a existência é transformada para si. Cada momento passa a ser de êxtase. As pequenas coisas, como beber uma xícara de chá, tornam-se orações tão poderosas que nenhuma outra oração se lhes pode comparar. 

Basta observar uma nuvem a mover-se livremente no céu, e da inocência surge uma sincronicidade. A nuvem deixa de estar ali como um objecto e você deixa de estar ali como sujeito. Algo se encontra e funde com a nuvem. Então começa a voar com a nuvem.

Começa a dançar com a chuva e com as árvores. Começa a cantar com os pássaros. Começa a dançar com os pavões, sem se mexer, sentado apenas, e a sua consciência começa a propagar-se à sua volta. 

No dia em que a sua consciência tiver tocado a existência, a religião nascerá dentro de si, e então terá renascido. 

Este é o seu verdadeiro nascimento.

(Osho)