3 de jan. de 2016




NATAL COM SIMPLICIDADE

Eu tive várias reencarnações, sempre nasci em família desprovida de tudo, moradia, emprego e na total miséria, mas sempre eu me sentia feliz. Esse sentimento de felicidade foi entrando no meu coração à medida que os meus anjos iam falando comigo, de forma tal, que eu ia lembrando de mim criança correndo nas vielas, os meus pés descalços na lama, água suja e eu ali feliz. Meus pais sempre muito honestos e trabalhadores, minha mãe faxineira, meu pai biscateiro e muitos irmãos, todos pequenos ainda. E foi passando um filme, é um filme mesmo, essa era a sensação que eu tinha. 

Quando chegava o Natal, essa época era de muito sofrimento para os meus pais, para nós não, eu e meus irmãos, o Natal era a pura esperança. Escrevíamos cartas, colocávamos meias nas portas e os nossos corações cheios de esperanças e expectativas. Minha mãe quase enlouquecia, na procura de mais faxinas que pudesse nos dar um brinquedo somente e realizar um sonho de seus filhos. Meu pai nem dormia, fazia “bico” durante o dia e a noite era garçom, isso era todo ano. Nossa casa era a referência de todo o morro, minha mãe fazia questão de deixar a porta aberta, para que todos aqueles que quisessem cear conosco, seriam bem vindos. E a criançada sabia que tinha comida boa e um brinquedinho novo. Como eu era feliz, o meu coração era leve, não era bonita, não tinha cabelos bem cuidados, nem perfumes importados, mas nós éramos felizes com tão pouco e fazíamos tanta gente feliz. 

Mas infelizmente não foi sempre assim e você que está lendo esta psicografia não vai entender nada, porque eu, na minha última reencarnação tirei minha vida num dia de Natal. Eu uma mulher rica, realizada profissionalmente, uma família linda, uma casa enorme com esgoto encanado, luz, computador, mas nada me fazia ser feliz, tudo era muito estranho, como que o mundo que eu vivia não me pertencia. No Natal sempre fazia trabalhos voluntários, distribuía presentes nas comunidades, isso sim, me fazia feliz.
Quando voltava para o meu mundo, era uma tristeza que não mais aguentava, tomava remédios para dormir, tomava para acordar, eu não queria viver assim. Eu queria ser feliz por completo, de corpo e alma e isso não acontecia e quando chegou o mês de dezembro, não suportei tanta diferença de classe social e a felicidade daqueles que não tinham nada, que eu enlouqueci e foi o meu fim.

Hoje com todo o esclarecimento que tenho aqui, vejo que eu fui feliz com pouco, e não estava preparada para viver uma vida com tantas facilidades. Hoje eu comemoro o Natal com simplicidade e me sinto muito feliz, mas tenho muito para aprender e estudar. Vou ser feliz neste dia em que comemoramos o nascimento de Jesus.

Lindalva da Cruz.
Psicografia recebida em dezembro de 2015.
Médium: M. Nicodemos.