PARA SEMPRE CIGANO...
Sinto falta do meu punhal de prata e de outras coisas que me foram tiradas quando aqui descansei.
Onde está meu violino? e da carruagem meu sino, onde será que deixei?
Onde ficou meu lindo alazão que mesmo em noite de trovão jamais desviava o caminho?
Onde estão minhas botas com esporas reluzentes que mesmo ao longe me faziam presente e quebravam qualquer espinho?
Não vejo mais na trilha inteira, nenhuma carroça levantando a poeira neste dia quente de verão.
Não mais vejo a estrela que sempre esteve junto a meu peito e reparo que pelo jeito, perdeu-se também o cordão.
Onde estará meu chapéu de couro já desgastado, que um dia a mim foi dado pelo grande líder da tribo?
E dos cães que acompanhavam a caravana, olho por toda a terra plana e não escuto sequer um gemido.
Neste vazio que meu peito sente, onde estará minha gente, onde estará a tribo acampada?
Onde estará minha cigana faceira, com que eu dançava a noite inteira, onde estará minha amada?
A solidão parece rasgar o meu peito e procuro achar um jeito de não ficar assim tristonho.
Então imploro a Santa Sara em prece, por este seu filho que padece, que me permita acordar deste sonho.
(Warley Rodrigues)