MANEIRAS DE VER AS COISAS
Muitas vezes olhamos as coisas e as pessoas sem vê-las. Isso porque estamos tão autocentrados e mergulhados em pensamentos e preocupações que não conseguimos enxergar nem nos relacionar de verdade com as coisas e as pessoas;
Faça uma experiência: "Olhe para alguma coisa ,pessoa ou lugar ao seu redor, concentrando-se realmente no que está observando. Depois de algum tempo, feche os olhos. Agora abra os olhos novamente para ver a pessoa, objeto ou lugar, mas dessa vez olhe como se nunca tivesse visto anteriormente. Detenha-se em cada detalhe, cada angulo, cor e movimento, tente perceber o objeto de sua atenção de forma inusitada e emocional, permitindo-se ser invadido, pelo novo sentimento que ela lhe provoca". Você verá como na maioria das vezes nos deixamos encurralar numa semiconsciência, usando apenas parte da nossa capacidade de interagir com as coisas e pessoas. Isso empobrece demais a vida, Sem falar que na pratica cotidiana essa semiconsciência pode nos tornar inconvenientes, e comprometer a qualidade do que fazemos e das nossas opiniões e escolhas. Quando estamos totalmente presentes onde estamos e no que fazemos percebemos que uma sensação de lucidez e poder pessoal nos invade e se instala. Desse modo, podemos experimentar direta e profundamente a vida.
Esse processo pertence a esfera da criatividade e da inspiração, onde o observador e o observado de certo modo se mesclam, pois quando imaginamos alguma coisa e a visualizamos vividamente, ela torna-se parte de nós. Por isso, as imagens são usadas no aprendizado da meditação, são formas de identificação com a divindade visando a obtenção da consciência de união com ela. Não se trata de ilusão, mas da descoberta da Sua Presença, de encontrar o sentimento do divino, de perceber totalmente a verdade da experiência vivida. A historia ocidental priorizou o lado literal e linear de ver e sentir as coisas em detrimento do lado figurativo e metafórico e isso influenciou demais nosso modo de encarar a vida. Na nossa cultura a é palavra e a lógica venceram a imagética.
Consequentemente, os símbolos, imagens e a intuição, a magia e a poesia, foram subjugados pela racionalidade e objetividade, tendo como base a linguagem e o pensamento analítico. Já no oriente o inverso acontece, devido a isso em muitas culturas orientais, as pessoa experimentam com mais facilidade uma conexão com o universal, o mítico, e acessam mais a dimensão espiritual. Nós nos tornamos mais racionais, e distantes da essência sutil das coisas. Somos ensinados a manipular as coisas para ter poder sobre elas, por isso temos medo de vive-las plenamente. Podemos recuperar essa capacidade de enxergar e sentir sem nos defender nem querer dominar, desenvolvendo nossa visão interior e assim usufruir mais da beleza da vida.
(Marilu Martinelli)
