A PEDAGOGIA DO SER
Seguramente você como eu já se perguntou algumas vezes o que é verdadeiramente importante para você, e porque age e reage dessa ou daquela maneira recorrente diante das situações que se apresentam na sua vida. Outras questões que nos afligem estão ligadas a como e o que fazer para cicatrizar as feridas antigas e as novas, como perdoar, desapegar-se, inovar, e ousar, enfim encontrar as peças que faltam para montar o quebra-cabeça interior. Esses questionamentos são etapas do autoconhecimento. Afinal a jornada rumo à autoconsciência começa pelo dialogo com o ego, a personalidade. Mas, esse diálogo precisa ir além, para descobrirmos quem verdadeiramente somos, onde se origina nosso padrão de crenças, quais são os códigos da nossa alma, o DNA espiritual. Na verdade temos apenas consciência parcial das ideias, emoções e sentimentos que armazenamos, criamos e movimentamos dentro de nós. Nosso ser sutil nos influencia diretamente no corpo físico e no corpo emocional. Para saber mais de si mesmo, e viver uma vida plena, é preciso conhecer o universo interior em profundidade, e no mundo exterior procurar harmonizar subjetividade e objetividade, razão e sensibilidade. Somente assim poderemos nos transformar, e inspirar futuros agentes de transformação, como co-criadores de um mundo mais humano, justo, prospero, prazeroso, criativo e menos violento. Como fazer isso tornar-se uma nova realidade? A educação tem um papel estrutural na construção desse novo mundo. Nossa sociedade materialista, desde o século XVIII, abraçou o Iluminismo como único caminho, a educação ministrada a partir daí fragmentou o conhecimento, priorizou a informação, e menosprezou a formação do caráter e o sagrado. Reconheceu apenas as faculdades do raciocínio objetivo, e considerou as capacidades dos cinco sentidos como legítimas e suficientes para revelar a verdade das coisas, e nos fazer feliz. No decorrer do tempo podemos constatar que esse modelo educacional, prometeu muito e entregou pouco. As profundezas da nossa mente subconsciente, inconsciente e superconsciente, e suas ricas imagens arquetípicas, assim como os símbolos que refletem nossa memória e sabedoria profundas. foram, e continuam sendo desconsiderados no processo educacional. Apenas os dados analíticos, mecânicos e técnicos são considerados importantes, válidos e úteis. Desse modo a educação desconhece outras técnicas mais criativas de apresentar o conhecimento que emerge do contato com a interioridade. Por preconceito cultural, o sagrado foi ignorado e faculdades humanas sutis como a intuição, a imaginação e a espiritualidade foram consideradas de menor importância. Porém, os questionamentos fundamentais sobre o significado da vida, e o sentido de estar vivo no contexto existencial de cada um, passam pela filosofia, e mais ainda, pela espiritualidade. Isso acontece independente da opção por qualquer religião específica ou mesmo por nenhuma. A espiritualidade é uma dimensão natural do ser humano, por isso permeia a historia dos povos e inspira transformações individuais e sociais. Todas as culturas, filosofias e credos, têm os valores morais e éticos como pilares de sustentação. Os valores humanos definem nossas escolhas e prioridades, e também são filtros do modo de pensar, sentir e agir. Não me refiro a códigos de conduta, nem a valores impostos de fora para dentro, por instituições laicas ou religiosas, mas ao despertar consciente dos valores que constituem nossa identidade humana. A ciência e a tecnologia nos apresentam atualmente maravilhas que nos permitem desbravar o universo, oferecem facilidades operacionais, como eliminação das distâncias, comunicação instantânea que desconhece barreiras de tempo e espaço, maior longevidade e melhor qualidade de vida. Mas, também trazem questões éticas, estéticas e espirituais sem precedentes, a fertilização in vitro, a engenharia genética, a eutanásia, o prolongamento artificial da vida, dogmas religiosos, etc. Essas questões implicam valores, reflexões e escolhas com relação ao mundo onde queremos viver e o que queremos oferecer aos nossos descendentes. Os valores humanos trazem em si mesmos uma ética diferenciada onde preconceitos e pressupostos excludentes não têm lugar. e o objetivo é permitir que floresça a excelência humana.
(Marilu Martinelli)
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