27 de mar. de 2015


O Amor como valor absoluto é energia ilimitada, nada exclui, tudo conecta e nada restringe ou encapsula. É disso que provém o seu efeito demolidor, não existe muralha que o amor não possa derrubar.

O Amor é energia libertadora e reveladora, nada nem ninguém fica do mesmo jeito diante do amor, nada nem ninguém é imune a ação dessa energia devastadora...

Para viver o amor sentimento, não podemos nos poupar, só nos resta a entrega. Nele não existe nenhum lugar onde nos escondermos quando nos sentimos acuados, nenhuma segurança, é dinâmico, transformador e exige constante atenção, cuidados e criatividade. 

As falsas seguranças, as certezas e os esconderijos onde nos refugiamos de nós mesmos devem ser destruídos. O amor verdadeiro joga às claras, ainda que a verdade doa, ele exige que seja dita, amar é aprender a compreender e superar, principalmente a si mesmo.

Enquanto ainda nos preservarmos e procurarmos preservar o ser amado, ao invés de sincera e amorosamente abrir nosso coração e compartilhar dores, insatisfações, carências e alegrias não conseguiremos viver um grande amor. O amor impõe parceria, o respeito a individualidade de cada um, e a disposição para crescer juntos, desenhando novos rumos aceitando novos desafios, e sonhando novos sonhos. O amor enquanto sentimento também exige renúncia, o amor nos ensina que renunciar nem sempre significa sofrimento, desde que a renúncia beneficie o ser amado, ela não significa perda, e a alegria de ver o outro feliz compensa deixar de ter ou fazer algo. A privação não existe porque o coração está preenchido pelo amor altruísta. Renunciar então, torna-se um "sacro ofício", e não uma frustração. Uma das regras do amor entre pessoas é não cobrar nem culpar o outro, é saber que não há amor sozinho, nem dor, os dois estão sempre envolvidos em tudo que lhes acontece. O amor como sentimento nos disponibiliza para o outro, e nos convoca à renunciar a hábitos, conceitos e comportamentos que possam ferir o ser amado, e prejudicar o relacionamento. O amor cria pontes, derruba defesas, e nos ensina como administrar conflitos. Isso porque mostra o caminho do encontro e não do confronto. Sem a entrega amorosa, estamos sempre na defensiva, queremos ter razão e impor nosso ponto de vista. Nos tornamos prisioneiros de nós mesmos, e voltados para o próprio umbigo, descuidamos do parceiro(a). Vítimas do ego-personalidade, vivemos a auto-imagem que projetamos, e devido a isso perdemos a referência, e com ela a percepção do que ocorre no nosso íntimo e no do outro. Ficamos vulneráveis a enganos que levam a estagnação, a mesmice e a automação, e daí advêm o desinteresse de um dos parceiros ou de ambos, e os consequentes desmoronamentos afetivos. O ego então nos inclina a procurar novos esconderijos, a carência alimenta a vitimação, e o ego ferido procura criar novos relacionamentos, esquemas que servem como solução de angústia, antecipadamente destinados ao fracasso.

A lei do Amor, predominante no Universo, atrai, cria, expande e transforma. É a lei que rege a vida. Estamos aqui para aprender a amar e receber amor. Saber amar é saber viver e celebrar o milagre de estar vivo.

(Marilu Martinelli)