2 de fev. de 2015


A NOITE ESCURA

A noite escura se revela como um processo intensamente humano no qual o eu, que tem até este momento pensado em si mesmo como espiritual e assim, invencível pelas abstrações de uma vida mediana, é forçado a dar um segundo ou terceiro olhar. Algumas vezes a alma (como personalidade), deve até se voltar em oposição a onde ela acreditava estar indo, a fim de recuperar as qualidades necessárias que ela negligenciou ou deixou. A sua alma está interessada em unificar o todo e não deixará por menos. Todos estão sujeitos ao desfecho que é a noite escura, e até a vida mais cuidadosa, habilidosa e culta é sem exceção. Os bem informados espiritualmente, aqueles que se sentaram aos pés do seu mestre por uma existência ou duas, parecem responder a esta lei natural com uma severidade particular, atacando outros ou impondo a ferida nos outros enquanto o drama se desencadeia inevitavelmente. Embora difícil e precária, a noite escura é uma jornada que vale experimentar, tanto quanto ao que se refere a alma. Pode-se disputar a jornada do início enquanto o caminho é amplo, mas quando ele eventualmente se estreita, somente o verdadeiro buscador suportará o que é pedido.

A verdadeira coisa que trouxe ao êxtase assim desejado pela personalidade se oferece agora de modo diverso, o presente é o mesmo, mas não é recebido como tal. O despertar espiritual é o resultado da própria escolha para se desenvolver como o Eu. Ele é mais uma oportunidade de experienciar a realidade, do que uma ilusão de se perceber como real. Imaginem uma imagem em um espelho saindo deste espelho pela primeira vez e voltando-se para se recordar no reflexo. Vocês podem ver como poderia ser profunda a experiência para o Eu, e ao mesmo tempo devastador para o pequeno eu? O eu menor, despreparado para a experiência, percebe somente a falsidade e a insignificância que ele acredita ter vivido, mais do que a maravilhosa oportunidade que é apresentada. A distância entre o eu e o Eu define a noite escura e quanto tempo ela durará. Agora ele se lança no “lugar” da alma, ou do coração purificado, vê o seu caminho através da obscuridade da sua condição humana até que seja capaz de ver na escuridão, e eventualmente atravessá-la. Neste estado, o eu sente cada limitação como finita e final, perdendo assim o seu poder de fazer ou ser qualquer coisa criativa ou original. Tão cruel quanto esta transição possa parecer, virá um momento em que a alma e a personalidade surgirão como uma, e saberão claramente, uma vez e para sempre, onde está a mão de Deus, assim como o que A move.


O AFASTAMENTO DO ESPÍRITO

Nesta nova era, quando a iluminação como avatar e a arte de receber transmissões do Espírito são todas trivialidades, a noite escura freqüentemente se manifesta na mudança desta mesma associação. Os professores espirituais mestres, como idéias objetivas de consciência evoluída, se tornaram pontos centrais de auxílio. Quando estes são afastados pelas leis superiores do Espírito, eles deixam para trás um resíduo perfumado que é todo também substituído rapidamente por uma parede impenetrável de obscuridade. O que poderia ser a substituição por tal amor íntimo e mútuo do e para o Espírito? Logo surge o pensamento de que somente o que é indigno de ser amado poderia ser assim facilmente descartado. E aí começa a angústia.

Para os sensitivos e intuitivamente organizados, esta perda espiritual é mais difícil de suportar; a ausência é mais amarga porque o processo era muito doce. Este afastamento é freqüentemente tanto pessoal quanto impessoal. Por exemplo, se o canal (Pepper Lewis) cuja caneta oferece agora as palavras de Gaia, fosse cair em uma noite escura, silenciaria muito provavelmente também a caneta. Muito mais do que imaginados caíram no desespero descrito neste lugar, apegando-se ao ego com resultados infelizes para o seu suprimento de palavras condicionadas e exortadas. Com o contato espiritual quase eliminado, o eu é deixado para se recuperar como se fosse da morte. Na privação, o eu retorna ao seu lugar de inocência e de simplicidade, algumas vezes até se lamentando em um modo pueril, sem ser mais desamparado.

Aí o eu deve começar de nova forma, pois até aqueles que acreditam que nada têm, ainda tem tudo na eternidade, e esta é a verdadeira coisa que eles devem começar a redescobrir. Deuses e professores que exaltam o eu ou a alma não são Deus o suficiente, que é porque um sentido mais verdadeiro da divindade se segue freqüentemente a estas experiências de tristeza e de privação.


EXALTANDO OS SUBORDINADOS

Aqueles que se acreditam mais inocentes e puros em seus pensamentos e ações sofrem uma noite diferente. Estes indivíduos, auto-exilados em tortura perpétua, são quase impulsionados a ver uma exibição constante de menos indivíduos merecedores recompensados por cada menor ação. Parece-lhes que eles, que são tão merecedores do amor e ventura de Deus, permaneçam em último lugar, esquecidos, caídos e ignorados. Emudecidos por tal volta nas circunstâncias, e apesar de suas auto-correções tentadas, eles começam a pensar e expressar pensamentos doentios em relação à generosidade e recursos dos outros. Dominados pela sua própria má sorte, maus presságios e infortúnios prolongados, continuam a ser a sua experiência quase que diária. Quanto melhores ações eles realizam, mais parece que eles caem na escuridão da qual eles parecem não poder sair. Neste ponto, muitos começarão a acreditar que Deus certamente favorece a escuridão e aqueles que pensam para e deles mesmos primeiro. Quando os eventos se transformam de ruins para piores, o seu conflito se torna ou para ser como os outros são e para receber como eles, ou viver no ostracismo e solitários em um mundo que não mais os recebem. No processo da noite escura, a alma se purifica através da experiência e de suas próprias imperfeições. A alma, acompanhada pela personalidade, revê cada pecado real ou imaginário.

Cada partícula e átomo são ampliados a uma enorme proporção, de modo que nenhum detalhe possa ser negligenciado. Com tal distorção, o eu não pode ajudar além de ver a sua desgraça e sua criatura. Enquanto a distância entre o eu e a alma aumenta, assim também a distância entre a luz e a escuridão, tornando os confortos da vida pouco mais do que abstrações e delírios; ambos são fardos pesadamente carregados sobre os ombros, agora frágeis e incertos.


A NOITE PERPÉTUA

Faz parte da natureza humana se lamentar sobre o inevitável, olhar para trás os erros, mais do que à frente para o desconhecido, e pensar que a boa vontade deveria ser permanente e a doença temporária. Há uma verdade maior, entretanto, que todas as coisas são temporais e temporárias. Isto sendo dito, o seu ser, isto que é a presença de sua alma, é eterno. Isto que é temporário é um aspecto do que é permanente, mas isto que é permanente não é um aspecto do que é eterno. É esta verdade (também uma lei universal), que o eu-personalidade/Eu-Alma se esquece durante a sua descida na noite escura. A permanência é revelada nisto que dura eternamente ou por um longo tempo. Isto se aplica a tudo que é imutável ou não esperado a sofrer uma mudança significativa. A permanência se relaciona a tudo o que é físico. Isto pode se aplicar a Stonehenge, assim como ao seu corpo físico. Acredita-se que Stonehenge resistiu por muitos milhares de anos, e pode-se imaginar ele resistindo por muito mais. Parece quase como se ele pudesse ser um acessório permanente, mas como foi intencionalmente criado, um dia ele será consumido quando o seu propósito não mais existir. O mesmo é verdadeiro quanto ao seu corpo físico. Ele parece sólido e permanente porque é intencional em seu ser. Um dia, quando o seu propósito maior for outro do que é hoje, vocês poderiam escolher em se entregar ou refazê-lo em outra forma. Com o tempo, a permanência e o propósito são seus.

A eternidade é uma qualidade não física. Ela é infinita e, portanto, não é afetada pela passagem do tempo. A sua alma é feita desta qualidade eterna. É o que torna a sua alma destinada a descobrir a sua própria divindade. Um dos caminhos pelo qual a sua alma segue a sua jornada destinada é através da experiência da encarnação humana. O que é permanente e o que é eterno tem um relacionamento muito exclusivo. Ambos obedecem as mesmas leis: uma por sua manifestação física e a outra por seu contraste. O eu e o Eu (não o inferior e o superior), obedecem as mesmas leis, e enquanto os dois se complementam, freqüentemente é o seu contraste que desafia mais os humanos.

Este contraste pouco compreendido é um fator contribuinte na separação que é muito freqüentemente descrita no processo da noite escura. A alma, reconhecendo-se como eterna, acolhe a noite escura como uma oportunidade de rever as suas experiências mais inseguras. A alma busca intensificar a sua jornada e vê a noite escura como pouco mais do que um pré-alvorecer. A própria personalidade, acreditando que o seu propósito está associado com uma existência, teme vacilar ou até protelar. A personalidade vê a noite escura como um exame fracassado, aquele que tentou e falhou; ela aguarda somente o castigo merecido por seu pecado, que não é nada além da natureza humana.


A REINTEGRAÇÃO DA LUZ

A noite escura dura somente tanto quanto houver um pecado percebido. Se alguém puder ver em um despertar espiritual não mais do que uma progressão de momentos eternos, então uma noite escura não durará mais do que a própria noite. Um despertar espiritual é motivo para celebração, mas não é uma recompensa que é dada em um dia (ou um ano) e então levado de volta ao seguinte. Ainda assim, é apropriado se adaptar a jantar suntuosamente em uma noite e compartilhar de uma simples refeição na seguinte. O dia muda para a noite tão certamente como a noite se transforma em dia, e o mesmo poderia não ser mais verdadeiro de suas experiências.

Confusão, desordem e ansiedade reinam quando a separação é mais presente. Se vocês estão separados da respiração que vocês atraem, então vocês intensifiquem a inspiração e exalem a expiração. Se a sua consciência não estiver em seu bem-estar físico, então a insistência do seu corpo pela nutrição não ficarão satisfeitos. E se vocês temerem que lhes falta a coragem de persistir e de superar os obstáculos, o seu corpo não descansará e não se entregará à paz que o sono traz. A estabilidade emocional é o resultado da confiança que se sente pelo momento seguinte e pela experiência seguinte. A depressão é a reivindicação insistente, mas não bem sucedida do eu que sozinho está no controle. Sem a cooperação e o reconhecimento dos dois hemisférios do cérebro, o equilíbrio permanecerá em uma distância inatingível. O equilíbrio espiritual será restaurado quando as crenças rígidas se dissolverem em novas possibilidades.

A noite escura da alma é um fenômeno associado com o despertar espiritual e não deveria ser temido. Uma noite escura não segue ou precede necessariamente a um despertar espiritual, mas também é uma experiência da expansão da alma.

Entretanto tomem cuidado com aqueles que prometem um caminho que viaja distante de seu próprio centro e a este de outro. Estas experiências muito freqüentemente resultam em um diferente tipo de dor e sofrimento. Sejam pacientes enquanto se movem através destas experiências, e envolvam-se com aqueles que lhes concederão a mesma compreensão. Prossigam lenta e gentilmente, conquanto o seu caminho poderá permanecer obscuro durante este ciclo. Compadeçam-se se deverem, mas não insistam.

GAIA

através de Pepper Lewis Sedona Journal of Emergence

Fonte: http://www.novasenergias.net/gaia/pepperlewis/mai2007.html