23 de fev. de 2015


A lamentação dificulta o progresso do espírito.

A lamentação é um vício tão arraigado em nosso ser, que o praticamos sem mesmo sentir. Quando percebemos, já escorregamos no erro e nos pegamos em lamúrias e piedade própria. Este vício nos faz perder um precioso tempo que deveríamos usar no progresso espiritual e planetário. Ao lamentarmos “queimamos nossos neurônios” com pensamentos destrutivos e deixamos passar, em vão, oportunidades preciosas de criação e trabalho engrandecedores.

Frequentemente, nós acreditamos que nossas provas são as mais difíceis e dignas de comiseração, e em alguns casos determinamos que são intransponíveis. A lamentação nos conduz ao mundo do "Narciso sofredor e injustiçado", nos torna cegos e, muitas vezes, nos afasta de Deus, que passamos a culpar pela nossa "má sorte".

A supervalorização continuada dos nossos problemas nos transforma em um "lamentador profissional" que não procura respostas, mas sim o palco, o público e a sensação de importância na vida de todos. Exaltamos o orgulho, faltamos com a caridade e, consequentemente, caímos nas teias da preguiça, já que, resolver problemas "dá muito trabalho".

Quando lamentamos, em pensamentos ou em palavras, aumentamos nossas vicissitudes enormemente, porque pensamentos e palavras têm forças criadoras. E a lamentação cria as formas-pensamento negativas que contaminam, como um vírus destrutivo, a nossa essência e os ambientes por onde passamos e vivemos, tornando-se uma força depressiva e de atração de irmãos, encarnados e desencarnados, em sofrimento e atraso moral.

Como parte de um processo natural e instintivo de auto-preservação, até os que nos são mais caros ao coração se retiram de nosso convívio, quando percebem que nós não estamos dispostos a melhorar, mas somente lamentar e contaminar tudo e todos. O vício do lamento nos afasta dos amigos que nos oferecem o ombro e suas palavras de conforto.

Jesus, o exemplo maior de resignação e fé, não se lamentou de sua, nada fácil, passagem pela Terra. Ele, que sofreu as mais cruéis blasfêmias e foi pregado ao madeiro infame, pediu que o Pai perdoasse seus algozes. Não queiramos, então, ser mais do que realmente somos. Sejamos humildes, pensemos positivo e mãos à obra para o progresso, dando passos mais largos em direção a Deus!

No lugar da lamentação, vamos dar chance à fé, à esperança e à oração sincera e espontânea. A oração, canal de comunicação direto com o Pai e seus Tarefeiros, acalma o coração doído e vacilante, e abre os olhos da alma para as soluções salutares dos nossos necessários problemas.

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Trecho do livro “Nosso Lar”, onde Clarêncio dá um “precioso aviso” a André Luiz, que acabara de chegar à colônia espiritual e ainda era presa fácil da lamentação e auto-piedade:

“- Aprenda, então, a não falar excessivamente de si mesmo, nem comente a própria dor. Lamentação denota enfermidade mental e enfermidade de curso laborioso e tratamento difícil. É indispensável criar pensamentos novos e disciplinar os lábios. Somente conseguiremos equilíbrio, abrindo o coração ao Sol da Divindade. Classificar o esforço necessário de imposição esmagadora, enxergar padecimentos onde há luta edificante, sói identificar indesejável cegueira dalma. Quanto mais utilize o verbo por dilatar considerações dolorosas, no círculo da personalidade, mais duros se tornarão os laços que o prendem a lembranças mesquinhas. O mesmo Pai que vela por sua pessoa, oferecendo-lhe teto generoso, nesta casa, atenderá aos seus parentes terrestres. Devemos ter nosso agrupamento familiar como sagrada construção, mas sem esquecer que nossas famílias são seções da Família universal, sob a Direção Divina. Estaremos a seu lado para resolver dificuldades presentes e estruturar projetos de futuro, mas não dispomos do tempo para voltar a zonas estéreis de lamentação. Além disso, temos, nesta colônia, o compromisso de aceitar o trabalho mais áspero como bênção de realização, considerando que a Providência desborda amor, enquanto nós vivemos onerados de dívidas. Se deseja permanecer nesta casa de assistência, aprenda a pensar com justeza.

Nesse ínterim, secara-se-me o pranto e, chamado a brios pelo generoso instrutor, assumi diversa atitude, embora envergonhado da minha fraqueza.
- Não disputava você, na carne – prosseguiu Clarêncio, bondoso -, as vantagens naturais, decorrentes das boas situações? Não estimava a obtenção de recursos lícitos, ansioso de estender benefícios aos entes amados? Não se interessava pelas remunerações justas, pelas expressões de conforto, com possibilidade de atender à família? Aqui, o programa não é diferente. Apenas divergem os detalhes. Nos círculos carnais, a convenção e a garantia monetária; aqui, o trabalho e as aquisições definitivas do espírito imortal. Dor, para nós, significa possibilidade de enriquecer a alma; a luta constitui caminho para a divina realização. Compreendeu a diferença? As almas débeis, ante o serviço, deitam-se para se queixarem aos que passam; as fortes, porém, recebem o serviço como patrimônio sagrado, na movimentação do qual se preparam, a caminho da perfeição. Ninguém lhe condena a saudade justa, nem pretende estancar sua fonte de sentimentos sublimes. Acresce notar, todavia, que o pranto da desesperação não edifica o bem. Se ama, em verdade, a família terrena, é preciso bom ânimo para lhe ser útil.

Fez-se longa pausa. A palavra de Clarêncio levantara-me para elucubrações mais sadias. Enquanto meditava a sabedoria da valiosa advertência, meu benfeitor, qual o pai que esquece a leviandade dos filhos para recomeçar serenamente a lição, tornou a perguntar com um belo sorriso:

- Então, como passa? Melhor?
Contente por me sentir desculpado, à maneira da criança que deseja aprender, respondi, confortado:

- Vou bem melhor, para melhor compreender a Vontade Divina.”
(Nosso Lar, capítulo 6 – pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier – editora FEB)

Fraternalmente!

(Refletindo o Espiritismo)