29 de jan. de 2015


Metaforicamente, poderíamos pensar também na relação entre a semente e a planta adulta e reconheceríamos que no pequeno, na parte, já está contido o Todo, uma vez que os seres humanos necessitam sempre da dimensionalidade para poder reconhecer algo. Dessa forma, o homem necessita do mundo das formas visíveis para ser capaz de reconhecer nele o Invisível. Precisamos, assim, de um corpo para podermos ter experiências de conscientização. O mundo visível é o veículo que nos coloca em contato com o Transcendental. Deus se revela no mundo, diriam os cristãos, e o budista diz: o Nirvana e o Prakriti são idênticos. Ibn Arabi, o mestre sufi, também declara a mesma coisa ao afirmar: “Com certeza, não existe nada além de Deus, o Altíssimo, Suas Qualidades e Seus Atos. Tudo pertence a Ele, Tudo vem Dele e se movimenta na Sua direção. Se ele se separasse do mundo, ainda que apenas por um piscar de olhos, no mesmo instante o mundo desapareceria. O mundo só pode existir porque ele o conserva e o vigia. No entanto, a Luz que emana do Seu aparecimento é tão potente, que supera a nossa capacidade de percepção, e só podemos reconhecer a Sua Criação, quando Ela O oculta” (Ibn Arabi, Viagem ao Senhor do Poder).

Todo fazer é insignificante e sem sentido, enquanto não for compreendido como um Rito. Só quando nos tornamos conscientes de que cada situação humana é a expressão formal de conteúdos e modelos que estão por trás dela é que começamos a compreender a nossa Vida como um Rito. Então reconhecemos repentinamente que o importante não é o que fazemos, mas simcomo o fazemos. Os monges zen fazem de atos tão “simples”, como ficar sentado, andar, tomar chá e atirar com o arco, um Ritual e um recurso a mais em seu caminho.

Basta de palavras. Chegou a hora da ação!

Mharcya de Sá