29 de jan. de 2015


A psicanálise moderna vê na borboleta um símbolo de renascimento. É considerada um símbolo de ligeireza e de inconstância, de transformação e de um novo começo. Não há outro animal que passe por uma metamorfose tão intensa e completa. Este poder de autotransformação é a energia de cura da borboleta dentro da visão xamânica. Mas a borboleta também nos traz outros significados, como liberdade, beleza e auto-estima.

Todos os estágios pelos quais ela passa - ovo, larva, casulo e o novo nascimento como borboleta - são estágios que simbolizam o processo evolutivo da alma. A crisálida é o ovo que contém a potencialidade do ser; a borboleta que sai dele é um símbolo de ressurreição.

Quando a larva penetra em seu casulo escuro, ela representa o processo de autoconhecimento que se dá conosco quando penetramos profundamente em nosso interior. A partir do verdadeiro contato com o nosso íntimo podemos perceber nossas riquezas e beleza pessoal, provenientes de nossa essência. A partir de nossos mistérios aprendemos que podemos criar beleza. Isto nos traz um sentimento de liberdade e auto-estima.

O termo grego "psyche" tinha dois significados: um deles era alma e o outro borboleta, que simbolizava o espírito imortal. Na mitologia grega, a personificação da alma é representada por uma mulher com asas de borboleta. Segundo as crenças gregas populares, quando alguém morria, o espírito saia do corpo na forma de borboleta.

No Japão a borboleta é um emblema da mulher, por ser graciosa e ligeira. A felicidade matrimonial é representada por duas borboletas (masculino e feminino). Essas imagens são muitas vezes utilizadas em casamentos.

No mito do imortal jardineiro (Yuan-ko), sua bela esposa ensina o segredo dos bichos-da-seda, sendo ela própria, talvez, um bicho-da-seda. No mundo sino-vietnamita a borboleta serve para exprimir um voto de longevidade ou é associada ao crisântemo pra simbolizar o outono.

Num conto irlandês chamado "Corte de Etain", o deus Miter se casa pela segunda vez com uma deusa chamada Etain. Por ciúmes de sua primeira esposa, transforma-a numa poça de água. Após algum tempo, a poça dá vida a uma lagarta que se transforma numa linda borboleta. Mider e Engus (filho de Dagda) recolhem a lagarta e a protegem. "E essa lagarta se torna em seguida uma borboleta púrpura.(...) era a mais bela que já ouve no mundo. O som de sua voz e o bater de suas asas eram mais doces que as gaitas de foles, as harpas e os cornos. Seus olhos brilhavam como pedras preciosas na obscuridade. Seu odor e seu perfume faziam passar a fome e a sede a quem quer que estivesse cerca dela. As gotículas que ela lançava de suas asas curavam todo o mal, toda doença e toda peste na casa daquele de quem ela se aproximava." O simbolismo é o da borboleta, o da alma liberta de seu invólucro carnal, transformada em benfeitora e bem-aventurada.

Para os mexicanos, os guerreiros mortos acompanham o Sol na primeira metade do seu curto visível, até o meio-dia. Depois os guerreiros descem à terra sob a forma de borboletas ou colibris. Essa associação se deve ao fato da analogia da borboleta com a chama. O deus do fogo asteca (HUEHUETEOTL) levava como emblema um peitoral chamado borboleta de obsidiana. Também é o símbolo do sol negro, pois atravessa o mundo subterrâneo durante seu curso. É o fogo oculto, ligado à noção de sacrifício, morte e ressurreição.

Nossa alma está sempre passando pelos estágios da borboleta, repetidamente, numa espiral ascendente dentro do caminho evolutivo, atingindo uma oitava acima quando o ciclo é completado.

Sejamos felizes!

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