1 de set. de 2014


Quando peguei meu amor empoeirado
E o coloquei acima do egoísmo "brilhante",
Eu senti a esperança ao meu lado
E bem abaixo, vi a dor cambaleante.
Entrei na capelinha, pé ante pé,
Nem inibido no sacrário me senti,
Porque se alguém desconfiasse da minha fé
Ainda assim, bem firme, manter -me -ía ali.
De repente, senti alguma coisa estranha:
- Reminiscência de um passado mal passado - .
Descarregando quase o peso de uma montanha,
Eu chorei, limpando o amor empoeirado.
No final, ouvi o canto do silêncio,
Na garganta sofrida da paz, que se exila,
Seu eco mudo refletia no meu ser propenso,
Que tanto tempo viveu uma calma intranquila.
Meus lábios ameaçaram uma oração
E conforme as palavras foram chegando
Notei apossar -se de mim uma nova vida:
O amor brilhou e os olhos foram marejando
Um som divino de passos deixou -me ofegante.
Eles passaram e passearam por minh'alma falha,
E eu senti o leve peso de uma amor gigante:
Era Cristo, passeando em mim com suas santas sandálias!

( Neimar de Barros )