Quando olhamos para um arco-íris, vemos sete cores, certo? Assim como as sete maravilhas do mundo, os sete dias da semana, as sete notas musicais... As cores que vemos lá no céu são: verde, azul claro, vermelho, amarelo, violeta, laranja e azul escuro. Assim como os grandes amores, os grandes amigos, e todos os bichos que existem no mundo (ecossistema), uma cor não existe sem a outra, elas vivem em perfeita harmonia e é por conta disso que nasce o que chamamos de ARCO-IRIS!!
Há muito tempo atrás o arco-íris vivia constantemente no céu azul... lá estava ele, a todo momento, todos os dias, o tempo todo... foi um tempo muito antigo em que os pássaros eram realmente livres... ninguém era dono de ninguém e nem de nada... Era tudo muito perfeito, e como a maldade tem inveja da perfeição, um dia a tristeza assistindo a tanta harmonia no céu, se encheu de ciúme e quis desarmonizar o arco-íris.
Para isso, ela contou com a ajuda da sua amiga, a vaidade. A vaidade chegou até a cor vermelha e lhe disse bem ao ouvido: “porque andas com essas outras cores, tão mortas? Você é a mais radiante e é a que chama mais a atenção...” A cor vermelha mandou a tristeza correr dali, mas durante aquela noite ficou pensando, pensando... e dormiu... Não se dando por vencida, a tristeza voltou e dessa vez trouxe consigo outra amiga infeliz: a intriga. Esta cochichou no ouvido da cor amarela: “sabe amarelinha, a vermelha anda dizendo por aí que ela brilha mais do que você.” A amarela não gostou da fofoca e também, do mesmo jeito, mandou a tristeza correr dali, mas naquela noite ela ficou pensando, pensando... mas acabou dormindo. Durante dias foi assim, a tristeza querendo perturbar a ordem do arco-íris. Levou vários amigos: egoísmo, inveja, falsidade, indiferença, não conseguia separar as cores, até que um dia, numa derradeira tentativa, levou o poder e o orgulho. O poder com toda sua arrogância disse: “vocês são bobas, porque se contentam com um pedacinho do céu, se vocês podem ser donas do todo o céu?”
E, por fim, o orgulho com sua prepotência ponderou: “Ninguém precisa de ninguém, vocês não precisam uma das outras, cada uma por si só brilhará muito mais sozinha”. E assim, os dois foram embora... Mas deixaram ali, sementes muito venenosas... A partir daquele dia, as cores do arco-íris não foram mais as mesmas. Aquilo que foi dito pelo orgulho e pelo poder começou a ganhar terreno e elas pensavam apenas nelas próprias, em serem melhores sobre as outras, houve muita disputa. Um tipo de guerra, que a gente não dá tanto atenção, mas que destrói muito... a guerra pelo poder... Primeiramente a disputa era oculta, e mais pra frente se tornou explícita, no céu, uma queria brilhar mais do que a outra, e quem olhasse para o céu naqueles dias, não conseguiria sequer perceber que lá estava um arco-íris... parecia uma mancha escura no azul celeste. Cadê a harmonia das cores? Cadê a suavidade e o encanto??
Pobres cores... não entendiam que sem a harmonia entre elas, o arco-íris não existiria, as cores quando não se harmonizam entre si, ficam negras, e era assim que elas estavam lá no céu, era assim que as pessoas as viam lá de baixo. Mas elas, assim como ocorre com toda as pessoas que não aceitam que erram, não conseguiam enxergar que estavam negras... As crianças não mais falavam da magia do arco-íris... O céu ficou triste, e também entristeceram aquelas pessoas que tinham costume de olhar para o céu...
Até que um dia, Deus percebendo o que ocorria, mudou a direção de um rio, e o posicionou bem embaixo daquele “arco-íris negro”. Dessa forma as cores, refletidas, perceberiam o aspecto em que se encontravam, escuras e feias. O plano de Deus deu certo e elas se viram refletidas no rio, mas não se reconheceram. “Que mancha escura é essa no céu? O que está acontecendo? Será um grande pássaro? A sombra de uma nuvem escura e carregada? Será um pedaço da noite que ainda está aqui preguiçosa?” Deus, ouvindo todos aqueles comentários interferiu: “Essas são vocês! Eu desejei que vocês se vissem refletidas no rio, porque é somente olhando para nós mesmos que conseguimos compreender nossos defeitos e mudá-los; mas para mudá-los é preciso aceitá-los.
Às vezes, nos deixamos envenenar, e mesmo o que há de mais perfeito e harmônico na natureza (como vocês), erra. Mas todos os dias o sol renasce, trazendo a perspectiva de um dia melhor que o outro, a verdadeira mensagem da esperança. Todos precisamos de todos. Um depende do outro... Estamos todos interligados na grande família que é o Universo... Já pensou se as moléculas resolvessem se separar, não existiria vida... Eu criei a vida para a união e não para a solidão...” Ouvindo aquelas palavras, as sete cores ficaram muito envergonhadas. Reconheceram que erraram e decidiram esquecer aquele episódio triste, e fizeram um pacto de nunca mais brigarem ou se separarem. Desde aquele dia em diante o arco-íris só se forma em dias de chuva com sol, para reforçar a mensagem de amizade, esperança e união...
(Fernanda Aparecida Corrêa)