4 de fev. de 2014


Nossa culpa inconsciente pode ser transformada através do perdão. Como vimos, nossa mente é quem projeta um sonho onde parecemos um ego distinto dos outros. Assim, cremos de fato que somos um indivíduo ao invés da mente que o sonha. O truque do ego é sempre atrair nossa atenção pros problemas do enredo, nos persuadindo de que existe "algo fora" capaz de nos atrapalhar ou impedir. Deste modo, damos consistência ao "eu", que só existe se houver um aparente limite externo pra contê-lo ou vitimizá-lo.

Como não temos consciência de que é nossa culpa inconsciente que gera o problema, vamos projetá-la nos nossos relacionamentos especiais. Quem estiver mais perto de nós será objeto de nosso julgamento. É assim que forjamos um filme no qual parecemos vítima de alguém. Jogamos a responsabilidade de nosso sofrimento pro lado de fora, como se isso camuflasse nossa decisão de ser infeliz. Vamos atacá-lo sem perceber que isso só preserva a culpa dentro de nossa mente. Nosso ego, inclusive, deseja exatamente assim, pois realça a crença na separação, em que o "eu" vítima é mais especial que o outro perpetrador. 

Portanto, antes mesmo de compreendermos que toda culpa deriva apenas da crença absurda de que nos separamos de Deus, o Eu Superior vai nos estimular a perdoar nossos relacionamentos. É um recurso que desfaz a ilusão com suavidade. Liberamos a culpa de nossa própria mente ao perdoar o outro. Parece que estamos perdoando alguém, mas, como tudo é uma projeção nossa, estamos perdoando a nós mesmos. Podemos ter uma existência maravilhosa se decidirmos olhar o mundo sem mágoa. A cada segundo, escolhemos ver culpa ou inocência. E essa escolha define a dádiva ou o fardo que levamos em nosso coração.