24 de jan. de 2014


Observando os relacionamentos humanos, o que mais me chama atenção é a vida no palco, onde podemos rir e chorar, ser aplaudido e vaiado. Esperamos assim algum retorno da platéia, tomamos o próximo como intérprete da nossa estrutura pessoal. Assim, como em um banquete, provamos o doce sabor das virtudes e o amargo dos vícios nos espelhando no outro.

Esse aprendizado é limitado, pois diz somente ao que pode se aprender com o outro e pode tornar-se um vício, uma dependência limitadora.

É preciso desenvolver dentro de si o seu próprio Daemon (do grego "divindade", "espírito"), o seu deus interno, para harmonizar-se com os movimentos da criação e assim caminhar em equilíbrio com o nosso habitat interior.

A lapidação interna é como um jardim, que constantemente merece ser renovado para que as flores nasçam e não vivam escondidas nas ervas daninhas que, com pouco esforço, crescem rapidamente.

Um marceneiro ou um escultor. Ambos possuem a mesma habilidade de modificar o bruto, como uma madeira ou uma pedra em algo útil. Talvez seja essa uma grande metáfora que os mestres em seus arquétipos humanos deixaram como legado.

Do bruto ao belo, do nada à forma e da forma a expressão de deus na nossa realidade, como criadores de si mesmo e do mundo.

Atenção às palavras; talvez elas sejam útil para elevar ou destruir, maltratar ou dar esperança. Afinal de contas do vazio se fez o Verbo e assim é o processo de criação.

Por Felipe Moreira Galante