Os Escolhos no Processo Evolutivo
Há diversos escolhos no processo evolutivo de todos nós, sendo um dos principais o hábito de olhar para fora antes de olhar para dentro. Depois, com o tempo, percebemos que é preciso conhecer-se para amar-se de verdade, no sentido de amar quem se é, não as máscaras que se tem. Para amarmo-nos como estamos, precisamos de observarmo-nos e isto implica, forçosamente, em notar os aspectos positivos e negativos, os bons e os maus.
Existem diversos textos escritos com o fito de erguer nossa auto-estima, o que é muitíssimo útil. Entretanto, poucos levam-nos a uma análise crítica e honesta sobre como estamos, o que pretendemos ou o que fazemos de nossas vidas. Assim, aceitamos apenas nossas flores, transferindo aos outros a responsabilidade pelos espinhos e ervas daninhas que existam em nosso íntimo. Muito bem, muito natural. Entretanto, a partir daí, começamos o mesmo processo da coluna mal alicerçada: trabalhamos com quimeras, com irrealidades. Isto é muito mais cômodo que analisar os fatos e nos colocar como agentes de muitos deles, não como meras vítimas passivas, entretanto, é retardar o nosso reequilíbrio e o inevitável reajuste com as sábias leis divinas.
O Espiritismo ensina-nos que todos somos seres perfectíveis e fatalmente inclinados à felicidade e ao equilíbrio.. A estes patamares só se chega pelo amor e não se chega ao amor através de visagens.
Como conquistar o amor e, por tabela, evolução, felicidade e equilíbrio, se não formos sinceros conosco? Este é o ponto. Aceitar-se sem mascarar-se; acolher suas faltas com a sinceridade e a humildade de um aprendiz, mas com a força de vontade de um filho de Deus; olhar-se não para condenar-se, mas para submeter-se ao lenitivo sagrado do amor, na mais pura e divina das suas acepções: a transformação do homem para sua felicidade e a dos que lhe são caros. Entregar isto apenas nas mãos de Deus é furtarmo-nos a um trabalho que nos pertence e que nos trará uma satisfação imensa, não obstante às dores ao retirarmos as máscaras de outrora. O trabalho é nosso, embora Deus tenha nos presenteado com tudo de que necessitamos para o sucesso, para já não falar dos diversos mestres de plantão e ocasionais que nos envia, a fim de recordarmo-nos da verdadeira meta.
Amar-se para amar; libertar-se para libertar; entender-se para entender; modificar-se para modificar; perdoar-se para perdoar; olhar-se para saber olhar. Tudo de dentro para fora, não de fora para dentro, como fazem aqueles que se negam a ver a realidade íntima e mascaram suas vidas assumindo posturas que não são suas e pseudo realidades externas que afirmam ser internas.
Como psicólogo, talvez suponha que este seja mais um dos postulados do humanismo ou de ciências que lhe sejam afins. Na verdade, não é. A "receita" quem nos dá é Deus, através dos mais vastos exemplos ofertados pela natureza. Vejamos: de onde brota a árvore altaneira, que fornece oxigênio, frutos e sombras reconfortantes? Da intimidade da Terra.
De onde surge a semente que adentra o solo e rasga-lhe as entranhas, para dele surgir vida, flores e frutos? Da intimidade da planta. E de onde viriam os pássaros, se não do interior dos ovos? De onde viria a borboleta, se não do casulo? Tudo de belo flui de dentro para fora, e por que seria diferente com o belo que vive em nós?
(Ananias Viriato)