O desânimo, a apatia e a vontade de desistir de tudo, que o ego tanto nos faz experimentar, sempre que passamos por uma fase de esforços intensos e buscas em nosso processo de transformação, escondem uma dura realidade: a preguiça!
Só de pensar em se comprometer com algo, que vá além de suas atividades rotineiras, com as quais se compromete superficialmente e apenas cumpre os protocolos com responsabilidade básica, para poder cuidar de sua sobrevivência, o ego estremece. No trabalho o ego se mostra presente, cheio de energia, mas é tudo fachada, pois na realidade essa representação do papel do disposto e ativo, esconde o preguiçoso e acomodado que não quer nada com a vida a não ser garantir sua sobrevivência.
Muitas pessoas buscam o autoconhecimento para se libertarem de seus sofrimentos, e é só isso o que o ego quer, ele não quer ter que se comprometer com algo a mais, além do que já se compromete na sua vida. Porém, no processo da jornada interior, inevitavelmente, a busca leva a pessoa a se libertar de suas amarras, a se sentir mais leve e mais pronta para a vida. Teoricamente, isto é tudo o que a pessoa deseja e acredita que está ávida por se comprometer com a etapa mais importante de sua missão de vida, com a devida tomada de consciência da realidade da missão como um todo, desde o seu nascimento.
Quanto mais ela conhece e compreende a magnitude de sua expressão de alma e de sua missão, mais ela se sente desejosa em se manifestar integralmente e, nesses momentos, isto é real, pois ela está com sua consciência expandida e está em sintonia com sua alma e esta é de verdade a sua realidade de força, vontade e poder pessoal.
Porém, quando ela “volta” desse estado e se “encaixa” novamente em sua humanidade, o ego, assumindo novamente o poder, fica desesperado com medo de que agora terá que assumir novas responsabilidades e se comprometer com o propósito da alma nesses níveis tão elevados, ele sabe que ao atingir esse nível, a pessoa já começa a estar mais na sintonia da alma e isso vai se potencializando e o poder do ego começa a diminuir.
Assim, mesmo que o ego se sinta disposto por esta conexão, e isso ele não pode negar, pois a conexão nos deixa energizados e dispostos, ele precisa fazer alguma coisa para nos interditar, porque ele não quer ter que começar um “novo projeto de vida”, ele só quer mais facilidades na sua vida básica, sem graça e sem sentido, só quer dar um falso sentido para sua vida medíocre e quer, com a tranquilidade e a segurança que ele deseja alcançar, ter o direito de finalmente poder brincar... ele só quer descansar, relaxar e não se ocupar de compromissos.
Se ele permite que a pessoa busque o autoconhecimento somente porque ele se vê perdido em suas próprias armadilhas, a sua única intenção é que este caminho o leve a conquistar o tão sonhado direito de brincar. Se, ao contrário disso, ele se sente cada vez mais engajado nos caminhos da alma e diante do grande comprometimento com sua expressão mais significativa de sua missão de vida, ele então começa a levar a pessoa à apatia e ao desânimo profundos, pois com isto ele continua fazendo com que a pessoa acredite que quer seguir o caminho da alma, mas não consegue porque o desânimo a incapacita.
E isto, por conta de toda a habilidade de sabotagem do ego, acaba sendo uma verdade, pois o nível de falta de vontade a que o ego conduz a pessoa é realmente intenso, por mais que a pessoa tente se animar ou sair desse desânimo, ela praticamente não consegue e é preciso um grande esforço para vencer essa apatia profunda e, sem ânimo, a pessoa fica sem forças para fazer tal esforço. O ego, aqui, vence a batalha que ele criou.
Para que a pessoa consiga vencer esse desânimo incapacitante e resgatar sua força e vigor, ela precisa tomar consciência plena desse desânimo, com aceitação, entregando-se ao desânimo, sem luta, como se estivesse sendo sugada para dentro de um buraco escuro, vazio e profundo. Se ela se deixar levar sem resistir e se permitir chegar à mais profunda apatia e falta de vontade até mesmo de existir, ela chegará ao “fundo” desse poço.
Só de chegar a este nível de percepção, com aceitação, o próprio desânimo começa a ser transcendido e a pessoa começa a “sair” do buraco sem nenhum esforço, apenas se deixando ficar no buraco, sem tentar sair, a própria aceitação começa a trazer a pessoa de volta. Enfim, ao conseguir fazer isso, a pessoa finalmente sai do desânimo.
Mas, mesmo assim, ela não se sente motivada para prosseguir. O que isso significa? Significa que quando o ego não conseguiu interditar a pessoa colocando-a na apatia profunda, pelo desespero que ele tem em manter-se no poder, ele precisa usar seu recurso poderoso que ele tanto esconde da pessoa que se acha a mais esforçada de todas as criaturas, assim, ele acessa e libera a energia da poderosa preguiça. Ah, esta sim, é incapacitante e, pior, extremamente difícil de ser percebida, pois o sofrimento que a pessoa sente por se perceber incapaz de prosseguir faz com que ela acredite que quer, e como quer!
Ela jamais vai imaginar, que por trás deste momento de falta de forças e de incapacidade para prosseguir, está a preguiça. Pronto, o ego conseguiu mais uma vez paralisar a pessoa, sem deixar rastros. Ele só terá êxito nesta paralisia, se a pessoa não estiver comprometida intensamente com seu processo de transformação pessoal.
Uma pessoa que se busca de verdade, vai sempre buscar mais e mais, para se compreender em todos os aspectos das profundezas de seu inconsciente e, com isso, com certeza, ela encontrará as respostas e as soluções, para finalmente descobrir que o que lhe aprisiona neste momento é a preguiça profunda, com a qual ela não tem muita intimidade, pois o ego a escondeu a “sete chaves”, para que a própria pessoa nunca se percebesse tão intensamente preguiçosa.
O ego fez de tudo para a pessoa sempre se achar a mais esforçada “fazedora” compulsiva do planeta, a pessoa virou um show de agitação, uma artista perfeita, ninguém, nem ela mesma, seria capaz de imaginar que, por trás da sua agitada presença, existe uma grande preguiçosa. O ego adora “fazer barulho”, isso para ele é pura brincadeira, disso ele gosta e se permite ter energia para se manifestar, mas quando se trata de comprometimento profundo, principalmente no nível da alma, ele trava de preguiça e de horror diante da imensa abertura para as infinitas possiblidades que a pessoa tem em sua vida.
Assim, quando o ego é pego em flagrante, seu poder diminui e a pessoa ganha poder pessoal. A tomada de consciência começa a recolocar a pessoa em sua força e poder para prosseguir com postura de firmeza de propósito na jornada da alma.
carmenarabela
Fonte- http://www.stum.com.br/Teresa Cristina Pascotto
Por Mavi Hostettler/www.essencia.ning.com