3 de jul. de 2013

SERENIDADE


Seja qual for o conteúdo de sofrimento 
em teu roteiro de provação, acalma-te e espera...

Não agraves o peso de tua dor 
com o fardo da aflição sem remédio.
Se o desespero te cerca, em ondas asfixiantes 
de inconformação ou de cólera, exercita a serenidade 
e faze algo em silêncio que possa amparar as vítimas 
da revolta; se a ofensa te busca, apedrejando-te o coração, 
perdoa-lhe as investidas, guardando a serenidade 
de quem sabe que a ventania tempestuosa não desloca 
a harmonia do céu; se a calúnia despeja corrosivo destruidor
 em tua alma, desculpa-lhe os golpes, conservando 
a serenidade de quem reconhece no crime doentia manifestação
 da ignorância ainda em trevas e, se as lágrimas te caem,
 ardentes, dos olhos feridos, à face da angústia 
que te persegue as esperanças e os sonhos, transforma 
o teu pranto numa prece de amor, cultivando 
a serenidade, na convicção de que 
o sacrifício é o caminho real da luz.
Lembra-te do Cristo, a oferecer-te 
o Seu jugo brando e suave.
Ninguém o viu acrescer a cruz das próprias dores, 
com o peso morto da rebelião ou da crueldade, 
do ciúme ou da inveja, do revide ou da queixa...
Da serenidade da Manjedoura, segue amando 
e perdoando para a serenidade da cruz, sem jamais 
trair a dignidade da Sua confiança no Pai Excelso, 
a Quem pertencem, em verdade, todos os títulos 
e afeições que nos sustentam a marcha.
Serenidade! Serenidade!...
Será ela em teu passo o selo oculto da humildade vitoriosa 
que te fará mais nobre à vista do Céu, porque então 
junto dela terás aprendido a esperar
 por Deus em tua de cada dia.


(Francisco Cândido Xavier)