16 de jul. de 2013

A intuição não pode ser explicada cientificamente. 
"Um Buda não “explica” nada". 
"Ele é expressivo, mas não explicativo". 

..."Uma realidade superior pode penetrar uma realidade inferior, 
mas a inferior não consegue penetrar a superior". 

A intuição não pode ser explicada cientificamente porque o fenômeno em si é irracional e não científico. O próprio fenômeno da intuição é irracional.
Em termos coloquiais, parece certo perguntar:
“A intuição pode ser explicada?” 

Mas isso quer dizer:
“A intuição pode ser reduzida ao intelecto?”

E a intuição é algo além do intelecto, algo que não faz parte do intelecto, algo que vem de algum lugar onde o intelecto é totalmente inconsciente. Assim, o intelecto pode sentir a intuição, mas não explicá-la. O salto da intuição pode ser sentido porque existe uma lacuna.

A intuição pode ser sentida pelo intelecto — pode-se notar que algo aconteceu — mas não se pode explicar, porque a explicação precisa da causalidade.

A explicação significa responder à pergunta de onde a intuição vem, por que vem, qual é a causa. E ela vem de algum lugar, não do intelecto propriamente dito — logo, não há causa intelectual. Não existe uma razão, uma ligação, uma continuidade dentro do intelecto.

A intuição é um campo de ocorrência diferente, que não se relaciona ao intelecto de maneira nenhuma, embora possa penetrar o intelecto. Deve-se entender que uma realidade superior pode penetrar uma realidade inferior, mas a inferior não consegue penetrar a superior. Assim, a intuição pode penetrar o intelecto porque ela é superior,mas o intelecto não pode penetrar a intuição porque ele é inferior.

É exatamente como a sua mente poder penetrar o seu corpo, mas o seu corpo não poder penetrar a mente.

O seu ser pode penetrar a mente, mas a mente não pode penetrar o seu ser. É por isso que, se você entrar no ser, você terá de se separar tanto do corpo quanto da mente. O corpo e a mente não podem penetrar um fenômeno superior.

Quando você ingressa numa realidade superior, o mundo de ocorrências inferior tem de ser deixado para trás. Não existe uma explicação do superior no inferior, porque os próprios termos da explicação não existem ali; eles não fazem sentido. Mas o intelecto pode sentir a lacuna, pode reconhecer a lacuna. Ele sente que “aconteceu algo que está além de mim”.

Se até mesmo esse tanto puder ser feito, o intelecto terá feito muito. Mas o intelecto também pode rejeitar o que aconteceu. É isso que significa ter fé ou não ter fé. Se você sente que o que não pode ser explicado pelo intelecto não existe, você é um “não-crente”.

Então vai continuar nessa existência inferior do intelecto, atado a ele. Assim você recusa o mistério, não permitindo que a intuição se comunique com você.

Um racionalista é assim. O racionalista não vai nem mesmo ver que surgiu algo do além. Se você é educado racionalmente, não admite o superior; você vai negá-lo, você vai dizer:

— Não pode ser. Deve ser imaginação; deve ser um sonho meu. A menos que eu possa prová-lo racionalmente, não aceito.

A mente racional se fecha, encerrada dentro dos limites da razão, e a intuição não pode penetrar. No entanto, você pode usar o intelecto sem ser fechado. Então, pode usar a razão como um instrumento, permanecendo aberto.

Você está receptivo ao superior; se algo acontecer, estará receptivo. Então, poderá usar o seu intelecto como um auxiliar. Ele observa que “aconteceu algo que está além de mim". Ele pode ajudar você a entender essa lacuna.

Além disso, o intelecto pode ser usado para a expressão — não para a explicação, para a expressão.

Um Buda não “explica” nada. Ele é expressivo, mas não explicativo. Todos os Upanixades são expressivos sem nenhuma explicação. Eles dizem: “Isso é assim, isso é assado; isso é o que está acontecendo.

Se você quiser, venha para dentro. Não fique do lado de fora; nenhuma explicação é possível de dentro para fora. Portanto, venha para dentro — torne-se um integrante do grupo.” Mesmo que vá para dentro, as coisas não lhe serão explicadas;você vai ter de chegar a conhecê-las e senti-las.

O intelecto pode tentar entender, mas ele tende a fracassar. O superior não pode ser reduzido ao inferior.

(Osho)