20 de jun. de 2013


Quantos de nós, depois de adultos ainda se manifestam espontaneamente sempre que a presença de alguém ou de alguma coisa lhe toca sinceramente o coração…

Somos sujeitos a tantas regras de comportamento, tantas memórias de dor por termos exposto nossos sentimentos com verdade que quase sempre essa manifestação espontânea de apreço, de admiração, passa primeiro pelos muitos filtros e, no final, o que sobra pode ser só um cumprimento polido…

Todos querem nos colocar regras para que possamos nos inserir dentro da sociedade, dos grupos, das religiões e, com isso, não cabemos mais em nós mesmos. Vamos nos encolhendo daqui… acrescentando ali… para nos adaptarmos às muitas exigências que fazem para nos incluir nisso ou naquilo…

Parece que temos que aprender como nos comportarmos para sermos aceitos como membros dos muitos grupos que andam por aí, só que esse padrão leva em conta regras estabelecidas por outros e podem podar a espontaneidade e a nossa expressão mais genuína.

Sempre julgamos o outro a partir do nosso limitadíssimo ponto de vista, cujo exemplo somos nós mesmos. Se alguém faz coisas que fogem ao nosso altíssimo padrão de exigência de como as pessoas devem ser, já excluímos ou taxamos de inadequado.

Porque não observar o outro, assim como observamos uma criança e, mesmo que sua ação fuja aos nossos padrões de normalidade, tentar ver a beleza que existe nas diferenças…

Quanto mais aceitamos o outro, mais aceitamos a nós mesmos porque o outro sempre está, também, dentro de nós. Que limites estamos julgando estar sendo ultrapassados? Quem colocou esses limites leva em conta o controle ou a fidelidade à alma?

Vamos seguindo cegamente tantas coisas sem nem questionar o que estamos seguindo e quem criou essas regras. Elas são mesmo o que nos toca o coração, ou estamos sendo seguidores cegos de pessoas e ideias que não levam em conta a espontaneidade de cada um? O expressar-se com a alma?

Voltando à criança, como seria bom se ao invés de ensinar à elas o que é feio e o que é bonito, de acordo com as muitas regras duvidosas que aprendemos, tivéssemos o cuidado de não podar o que elas têm de mais puro, tivéssemos o cuidado de não colocar artificialidade e imitação no lugar da espontaneidade e da alegria natural de quem se expressa com a inocência, de quem ainda se lembra das estrelas…

A espontaneidade é a capacidade de se fazer seja o que for só porque nos sentimos com disposição para, em determinado momento, confiarmos nos nossos instintos, deixarmo-nos surpreender e arrancar dos grilhões da rotina bem organizada um pouco de prazer inesperado.

(Richard Ianneli)