1 de ago. de 2012



Dizem 'mulher da alegria', quando ela passa na rua;
A pobre mãe continua, os olhos fitos no chão!...
Quanto fel, quanta agonia nessa mulher que condenas!...
Ninguém lhe conhece as penas cravadas no coração.
Tristeza no desconforto, sem palavra que a revele,
trapos dourados na pele, traz angústia por dever.
Viúva de um vivo morto, ei-la que segue sozinha,
tem ao longe, a pobrezinha um filho quase a morrer.
Já bateu a tanta porta, já pediu a tanta gente!...
Dói-lhe a ferida pungente de ter sido mãe sem lar.
Abatida, semi-morta, apenas vê no caminho a febre
e a dor do filhinho que a morte lhe quer roubar.
Tu que cresceste na estrada, desde o berço de ouro e rendas,
entre mimos e oferenda de paz, segurança e luz,
fita essa mãe desolada, na penúria que a consome...
Talvez que ela tenha fome ao peso da própria cruz.
Não lhe zombes da amargura, também foi criança,
um dia, brincava, estudava e ria rosa ao fulgor da manhã;
Também foi bela e foi pura, hoje, nas mágoas que trilha,
poderia ser nossa filha assim como é nossa irmã.
Mãe na dor!...
Bendita seja!...
Escrava de toda hora, honra as lágrimas que chora,
nas dores por onde vai!...
Sem esposo que a proteja, sem arrimo, sem tutela,
encontra a benção do Pai.

{Irene de Souza Pinto - Chico Xavier}