25 de abr. de 2012

Só por hoje


Só por hoje...
 direi que estou de mal com a depressão e se ela der as
caras aplicar-lhe-ei vinte bofetões de alegria.
Só por hoje...
 darei alta aos analistas, psicólogos, psiquiatras, conselheiros, filósofos
 e proclamarei que se antes eu era porque era o que eu era, agora sou o que sou
 porque sou tão feliz quanto penso que sou.
Como penso que sou feliz, logo sou.
Só por hoje...
 direi que a vida é uma festa, acreditarei que a vida é uma festa
e farei da festa a minha vida.
Só por hoje...
 admitirei que todo homem nasce feliz, passa a infância feliz, depois cresce
 e esconde a felicidade para que não a roubem,
só que daí esquece onde a colocou.
Mas só por hoje lembrarei que estás na minha mente.
Só por hoje...
 rirei à toa e contar-me-ei uma piada tão velha quanto a história daquele sujeito
 que olhava por cima do óculos para não gastar as lentes.
Só por hoje...
 revelarei ao mundo que sou feliz e chamarei de absurda toda opinião contrária.
Só por hoje...
 acreditarei que ri melhor quem ri por si mesmo. Já estou rindo.
Só por hoje...
 informarei a todos que sou tão feliz quanto resolvi ser.
Só por hoje...
 guardarei a seriedade no baú e deixarei que a criança interior
brinque comigo o tempo todo.
Só por hoje...
 estarei tão bem-humorado que rirei até até daquele anúncio que diz:
 "Vende-se uma mala por motivo de viagem."
Só por hoje...
 admitirei que ser feliz é tão simples quanto dizer que sou feliz.
Só por hoje...
 estarei tão feliz que não sentirei falta de sentir falta da felicidade.
Só por hoje...
 expulsarei da minha casa a tristeza e hospedarei a alegria,
o sorriso e o bom-humor.
Só por hoje...
 abrigarei a felicidade sob o meu teto, vesti-la-ei com roupas do bem-estar,
dar-lhe-ei a comida do sorriso, a bebida da alegria e a divertirei com conversas
 agradáveis e positivas.
Só por hoje...
 me divorciarei do passado, romperei o namoro indecoroso com os males do
 presente e casarei indissoluvelmente com a felicidade.
Só por hoje...
 hastearei a bandeira do bom-humor sobre meu próprio território.
Só por hoje...
 decidirei que sou definitivamente FELIZ.
Autor: Paulo Trevisan