Interessante como as pessoas não aceitam aconselhamentos por acharem que ninguém as compreendem, que todos desconhecem a verdadeira razão de seu sofrimento e, dessa forma, por mais que as oriente nunca será o suficiente para resolverem suas angústias. Por sua vez, elas estão sempre ansiosas (adiantadas, vivendo o futuro) ou nostálgicas (atrasadas, vivendo o passado); assim, também, nunca conseguem acertar o relógio da vida no presente momento (aqui e agora). Todas perguntam o que fazer, mas nenhuma segue a orientação!
O mais peculiar de tudo é que as histórias se assemelham ou se repetem, pois geralmente meus clientes relatam que amigos ou parentes avisaram que estariam atrasando a sua vida com determinada decisão, mas não deram ouvidos e terminaram por perder ou fracassar. Alguns, também, chegam dizendo que nunca tiveram grandes problemas até aquele momento, pois sempre estiveram à frente de seu tempo, acreditando que a felicidade se encontrava nas mãos da pessoa amada ou na aquisição sistemática do status.
Em resumo, todos esperavam obter reconhecimento, fidelidade, harmonia, paz; contudo, muitos terminaram em experiências que não conheciam: sozinhos, endividados, fracassados, depressivos; outros, seguiram com raiva, ódio, rancor, culpando o destino pela fatalidade ou a situação pela própria desgraça. Em qualquer um desses casos o resultado sempre foi o mesmo: inércia, frustração, ressentimento, desesperança, tristeza — o oposto do que sonharam.
Eu creio que por acharem que poderiam contornar todos os revezes, como sempre o fizeram, não deram muita importância aos conflitos e obstáculos continuando sob o mesmo ponto de vista. Podemos apagar o nosso futuro? Sim, porém, jamais, o nosso passado. Então, a saída é ter coragem para mudar, reconstruir o presente e abastecer o coração com novas esperanças. Às vezes, sem passar por situações de opressão, perdas irreparáveis ou grandes dificuldades pode ser difícil entender a extensão da vida, das pessoas ou de si mesmo.
Claro que “não ter que passar pelo caminho da dor” como esboçado no livro "Onde está minha felicidade? (Editora Nova Era) seja mais agradável; porém, como tudo possui um preço, corre-se o risco de não amadurecer, fortalecer a alma ou conhecer os próprios limites. Não, não estou pregando a dor como uma via da evolução; contudo, quem não passa por dissabores em algum momento? Todos, óbvio. Saber extrair a beleza dessa terrível experiência é uma sabedoria que deve ser explorada por cada um de nós. Aprender com as dissoluções ou tentar evitá-las é a evolução mais importante para o ser humano.
Contudo, se você é da opinião de que "se conselhos fossem bons seriam vendidos", não se esqueça de que todos os terapeutas cobram por suas consultas! E, todos, invariavelmente, estão sempre certos em sua orientação. Também, um amigo de confiança sempre fornece bons conselhos. Enfim, aprenda a ouvir mais, a mediar o que você deseja com o que os outros pensam. Quem sabe da próxima vez termine escolhendo melhor os seus caminhos.
Texto baseado no livro "Onde está minha felicidade? Nei Naiff - Ed. Nova Era"