24 de dez. de 2011

Luz para a humanidade

"Minha palavra se dirige às profundezas da consciência e toca, no mais íntimo, a alma de quem a escuta. Será somente ouvida por quem se tornou capaz de ouvi-la. Para os outros perder-se-á no vozerio imenso da vida. Não importa, porém, ela deve ser dita.

Falo hoje a todos os justos da Terra e os chamo de todas as partes do mundo, a fim de unificarem suas aspirações e preces numa oblata que se eleve ao céu. Que nenhuma barreira de religião, de nacionalidade ou de raça os divida, porque não está longe o dia em que somente uma será a divisão entre os homens: justos e injustos.

A divisão está no íntimo da consciência e não no vosso aspecto exterior, visível. Todos os que sinceramente querem compreender o compreendem. Cada um se conhece, intimamente, sem que o vizinho o perceba.

Minha palavra é universal, mas também é um apelo íntimo, pessoal, a cada um. Muitos a reconhecerão (...).

... O pensamento humano avança. Cada século, cada povo segue um conceito de acordo com o desenvolvimento que obedece às leis a que estais submetidos. Em qualquer campo, a nova ideia vem sempre do alto e é intuída pelo gênio. Depois, dela vos apoderais, a observais, a decompondes, a viveis, passando, então, à vossa vida e às leis. Assim, desce a ideia e, quando se fixa na matéria, já esgotou seu ciclo, já aproveitastes todo seu suco e a jogais fora para absorverdes, em vossa alma individual e coletiva, nosso sopro divino.

Vosso século possuiu e desenvolveu uma ideia toda própria que os séculos precedentes não viam, pois estavam atentos em receber e desenvolver outras. Vossa ideia foi a ciência, com que acreditastes descobrir o absoluto, embora essa também seja uma ideia relativa que, esgotado seu ciclo, passa. Eu venho falar-vos exatamente porque ela está passando.

Vossa ciência lançou-se num beco escuro, sem saída, onde vossa mente não tem amanhã. Que vos deu o último século? Máquinas como jamais o mundo as teve (mas que, no entanto, são apenas máquinas) e, em compensação, ressecou vossa alma. Essa ciência passou como um furacão destruidor de toda a fé, e vos impõe, com a máscara do ceticismo, um rosto sem alma. Sorris despreocupados, mas vosso espírito morre de tédio e ouvem-se gritos dilacerantes. Até vossa própria ciência é uma espécie de desespero metódico, fatal, sem mais esperanças.

Terá ela resolvido o problema da dor? Que uso sabe fazer dos poderosos meios que lhe deram os segredos arrancados da natureza? Em vossas mãos, o saber e a força transformam-se sempre em meios de destruição.

Para que serve, então o saber, se em vez de impulsionar-vos para o alto, tornando-vos melhores, para vós se torna instrumento de perdição?

Não rias, ó céticos, que julgais ter resolvido tudo, porque sufocastes o grito de vossa alma que anseia por subir! A dor vos persegue e vos encontrará em qualquer lugar. Sois crianças que julgais evitar o perigo escondendo a cabeça e fechando os olhos, mas existe uma Lei, invisível para vós, todavia mais forte que a rocha, mais poderosa que o furacão, que caminha inexorável movimentando tudo, animando tudo; essa lei é Deus. Ela está dentro de vós, vossa vida é uma exteriorização dela e derramará sobre vós alegria ou dor, de acordo com a justiça, como o merecerdes.

Eis a síntese que vossa ciência, perdida nos infinitos pormenores da análise, jamais poderá reconstituir. Eis a visão unitária, a concepção apocalíptica que venho trazer-vos. Para que me possa fazer compreender, é mister que fale de acordo com vossa mentalidade e me coloque no momento psicológico que vosso século está vivendo.

É indispensável que eu parta justamente dos postulados da vossa ciência, para dar-lhe uma direção totalmente nova. Vosso sistema de pesquisa objetiva, à base da observação e experiência, não vos pode levar além de certos resultados. Cada meio pode fornecer certo rendimento e nada mais, e a razão é um meio. A análise não poderia chegar à grande síntese, grande aspiração que ferve no fundo de todas as almas, senão por meio de um tempo infinito, de que não dispondes. Vossa ciência arrisca-se a não concluir jamais e o "ignorabimus" quer dizer falência.

A tarefa da ciência não pode ser apenas a de multiplicar vossas comodidades. Não estranguleis, não sufoqueis a luz do vosso espírito, única alegria e centelha da vida, até o ponto de tornar a ciência, que nasce do vosso intelecto, uma fábrica de comodidades. Esta é prostituição do espírito, é vergonhosa venda de vós mesmos à matéria(...)."

A Grande Síntese - do espírito "Sua Voz" - psicografia de Pietro Ubaldi
Extraído: Revista Cristã de Espiritismo - Ano 10 - Nº 74
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