Quantas vezes te vejo sendo esquecido
Agora encontro-te neste banquinho, deixado aí...
Por aqueles a quem tanto dedicastes amor.
Buscas entre os pássaros tua companhia solitária
“Joga conversa fora” com qualquer um
Procurando sempre alguém para prosear.
Por vezes, repetes os assuntos devido à memória
E teus interlocutores sem paciência logo dizem: É a idade...
Procuram uma desculpa e se afastam
Quantos destes um dia serão como vós?
Bem poucos, talvez, com tua sabedoria, pois renegar-te
É renegar ao próprio sangue, a própria existência.
Sem você, nem eu, nem aquele que te evita existiria.
Você tem a experiência de quem já conheceu muito...
E, como bom professor que és
Tentas a cada qual passar teu aprendizado.
Muitos te evitam porque preferem outro tipo de diálogo
Mais ação, mais emoção, outros “papos”, deixam-te para trás
Deixando sempre um pedaço de sua própria história
Sem perceber que de ti poderiam, ainda a tempo, aprender muito.
Ah! Tão complicado é alguns seres, tão preconceituosos
Tão cegos de espírito...
Mas, devemos cada um fazer nossa parte.
Não será porque poucos tratam seu passado com desprezo
Que faremos o mesmo, devemos respeitá-lo duplamente
Pois estais aí, vivo... Com o coração batendo, amando ainda e...
Dotado de todos os sentidos, inclusive o da mágoa.
Tuas rugas e marcas, cada qual carrega uma história certamente
E devemos sentar perto de ti... dar-te as mãos, escutá-lo, amá-lo...
Ver que sem ti o mundo seria ignorante pois nada saberíamos.
O “saber”... Vem sempre antes de nós mesmos
E você veio antes de nós.
Vamos prosseguir na esperança que um dia
Aqueles a quem tanto dedicaras amor e carinho
Vejam simplesmente...
Que você é alguém que ainda deseja ser amado
E, não existe amor sem respeito, meu doce ancião...
Sempre, sempre meu respeito e amor por ti!
Paulo Nunes Junior