Poeta negro, eu?
É minha tez
Minha cor de ébano
É minha voz!
É minha escrita
Sonha, negro!...
Pois hoje tu podes sonhar
Com um futuro melhor.
Poeta negro, eu?
Poeta cheio de lágrimas
Que cheira a passado!
Sou no passado
com correntes nos pés.
Sou eu no passado
Com o punho cerrado!
Com o coração amargurado.
São meus Deuses
Que venero às escondidas
da sociedade!
Sou o artista venerado?
Sou o poeta reverenciado?
Hoje já não choro!
Já não tenho lágrimas
Para chorar!
Sou a dançar!
Na batida do meu coração
Berimba!
Berimbau!
Salta...
Pula...
Sou ainda poeta?
Pois minhas tintas são negras!
Tem o tom da minha pele!
Sou ainda poeta negro?
Martirizado!
Às avessas!
Perdido em mundo
Que não meu!
Sou ainda um poeta negro!
Samuel C. Costa - poeta em Itajaí/SC