1 de jul. de 2010

Pingo d'água


Insignificante é o pingo d'água, todavia, com o tempo, traça um caminho no corpo duro da pedra. Humilde é a semente, entretanto, germina com firmeza e produz a espiga que enriquece o celeiro.


Frágil é a flor, contudo, resiste à ventania, garantindo a colheita farta. Minúscula é a formiga, mas edifica, à força de perseverança complicadas cidades subterrâneas. Submissa é a argila, no entanto, com o auxílio do oleiro, transforma-se em vaso precioso. Branda é a veste física, que um simples alfinete atravessa, todavia suporta vicissitudes incontáveis e sustenta o templo do Espírito em aprendizado, por dezena de lustros, repletos de necessidades e padecimentos morais. O verdadeiro progresso prescinde da violência. Tudo é serenidade e seqüência na evolução. Aprendamos com a Natureza e adotemos a brandura por diretriz de nossas realizações para a vida mais alta, mas não a brandura que se acomoda com a inércia, com a perturbação e com o mal e sim aquela que se baseia na paciência construtiva, que trabalha incessantemente e persiste no melhor a fazer, ultrapassando os obstáculos que a ignorância lhe atira à estrada e superando os percalços da luta, a sustentar-se no serviço que não esmorece e na esperança fiel que confia, sem desânimo, na vitória final do bem.

André Luiz