CHEGUE NA PAZ

14 de ago. de 2012


O Rio e o Mar 
Sobre as pedras brancas e lapidadas ele percorria.
Percorria só, atento às ondulações em suas margens.
Observando dia e noite a mata que o protegia.
Sabia estar indo para algum lugar, 
mas não podia prever onde daria seu curso.
Por vezes sentia-se só e alegrava-se 
quando os animais vinham nele beber.
Dia e noite suas águas percorriam e desejava saber
o porquê da sua natureza assim ser. 
Queria parar um pouco e desfrutar das mesmas
coisas que todos desfrutavam na mata.
Um dia ao entardecer entristeceu-se e se pôs a chorar. 
Sentia muita solidão...
Suas lágrimas inundaram a mata, 
causando pânico aos que nela viviam:
- Rio, por que choras? 
Tua tristeza desequilibra a natureza na qual vivemos!
- Choro por sentir-me só. 
Enquanto todos possuem companhia, 
eu percorro sozinho, 
sem ninguém para falar, ninguém para brincar. 
E sinto medo, pois não sei para onde estou indo...
Todos na mata silenciaram diante da tristeza do rio. 
Também não sabiam onde ele iria chegar. 
Não podiam ajudá-lo.
E assim. Todos ficaram parados, vendo o rio passar...
Sua tristeza era profunda e não havia meios de ajudá-lo...
A chuva surgiu inesperadamente de dentro da mata
e vendo a tristeza do rio, perguntou:
- O que lhe tira a paz, meu caro amigo?
- Não entendo minha natureza e sinto-me muito sozinho
a percorrer por tantos caminhos 
que nunca chegam a lugar algum.
A chuva vendo o desespero do rio, afagou-o 
gentilmente com suas águas límpidas.
- Se choras por estares só é porque ainda 
não descobriste tua real natureza. 
Nada neste mundo está só, excluído do todo. 
Aceita tua natureza e percorre feliz em teu curso. 
És tão necessário quanto a mata e tudo que nela vive.
És tão necessário quanto o sol 
e tudo que na sua luz é banhado. 
Teu destino não está longe e quando o encontrares
saberás que tudo tem uma razão de ser.
Aceita a orientação que vem de dentro, ela sabe o percurso
e sabe para onde estás indo. 
Confia e tua confiança conduzir-te-á para tua alegria, 
para teu descanso, para teu reencontro 
com a tua verdadeira natureza.
Quando chegares neste lugar estarás em paz, 
pois viverás com os teus iguais.
O rio recebeu a chuva com contentamento e tratou
de seguir seu curso, confiante no que a chuva lhe falara.
Adiante, uma surpresa, percebeu que estava saindo
da verde mata, caindo lentamente sobre um mar azul... 
Infinitamente azul...