CHEGUE NA PAZ

29 de mai. de 2010

Trem da Vida








Dias desses li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma comparação extremamente interessante, quando bem interpretada. Interessante, porque nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e tristezas com os desembarques. Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que, acreditamos, farão conosco a viagem até o fim. Nossos Pais. Não é verdade, infelizmente em alguma estação eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seus carinhos, proteção, amor e afeto. Mas isso não impede que, durante a viagem embarquem pessoas interessantes que virão ser especiais para nós. Embarcam nossos irmãos, amigos, amores.... Muitas pessoas tomam esse trem a passeio. Outros fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no trem há também pessoas que passam de vagão, prontas para ajudar a quem precisa. Muitas descem e deixam saudades eternas. Outras tanto viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe. Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separadas deles. Mas claro que isso não nos impede de com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O difícil é aceitarmos que não podemos nos assentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar. Essa viagem é assim : cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques. Sabemos que esse trem jamais volta... Façamos então essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos os passageiros, procurando em cada um deles o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto poderão fraquejar, e, provavelmente, precisaremos entender isso. Nós mesmos fraquejamos algumas vezes. E, certamente alguém nos atenderá. O grande mistério, afinal, é que não sabemos em qual parada descemos. E fico pensando: quando eu descer desse trem sentirei saudades? Sim. Deixar meus filhos viajando nele sozinhos será muito triste. Separar-me de alguns amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim dolorido. Mas me agarro na esperança que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem que não tinham quando embarcaram. E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que ela tenha crescido e tornado valiosa. Agora, nesse momento, o trem diminuiu sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. Minha expectativa aumenta, a medida que o trem vai diminuindo sua velocidade... Quem entrará? Quem sairá? Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem não só como a representação da morte, mas, também como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um motivo íntimo, deixaram desmoronar... Fico feliz em perceber que certas pessoas, como nós tem a capacidade de reconstruir para recomeçar. Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros"... Agradeço a Deus por você fazer parte da minha viagem, principalmente você que está na poltrona ao lado, e os demais, por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo.

(Silvana Duboc)