CHEGUE NA PAZ

27 de abr. de 2015


Os montes, as rochas, os lagos, as fontes e os rios, também são lugares sagrados. Eles não são apenas sagrados em si mesmos, mas o são porque tornaram-se testemunhos de uma passagem entre dois mundos: o mundo profano e o mundo divino.

Em determinados lugares do solo existem profundas falhas geográficas e geológicas, chamadas de correntes telúricas, que irradiam forças formidáveis de energia e que entram em contato com as forças cósmicas. Uma vez que estabeleçamos um estado de harmonia com elas, cria-se um estado de equilíbrio em nosso interior. Esta troca é eficaz para aqueles que ali estiverem presentes e para que as celebrações sejam comemoradas.

O espírito druídico tem por tarefa mostrar o caminho da evolução e, por conseguinte, o da iniciação a todos aqueles que o deseja no mais fundo de seus corações. Entretanto, nenhum ritual ou iniciação pode ser dado a um ser humano se este não estiver em harmonia e desprovido de egoísmo. Receber uma iniciação é ser levado para um nível de vida mais elevado, mais intenso.

A preparação é pessoal e individual, e ninguém pode fazê-lo pelo outro. Mas, a ajuda e os conselhos daqueles que nos antecederam, em muito nós auxiliará nesta nobre missão. Se bem que os ensinamentos dos homens do carvalho, dos sacerdotes da natureza, são basicamente orais, eles não proíbem, entretanto, a perpetuação sob uma forma material. Por exemplo, deixaram implantados no solo gigantescos blocos de granito, as construções megalíticas, utilizados como captores de correntes na malha das ondas telúricas, que sulcam o planeta, tal como um sistema nervoso.

Os druidas oficiavam seus cultos no Nemeton, que em gaulês significa lugar sagrado. O nome em irlandês "Nemed" corresponde ao gaulês para santuário ou sagrado. O Nemeton na floresta era o santuário dos druidas - O Bosque Sagrado - e os círculos de pedras eram conhecidos como Cromlech.

Toda floresta é um princípio sagrado, pois como o bosque é o suporte indispensável ao "conhecimento" do sagrado e do divino, existindo, portanto, um liame muito sutil entre a árvore e o conhecimento. O Nemeton também pode não ser uma floresta.

Árvores isoladas, matas e bosques eram sagrados para os celtas e a árvore em si, digna de culto. A iconografia romana enfatiza a importância das árvores na expressão de culto, sendo os santuários, em altares ao ar livre, decorados com o símbolo da árvore do mundo.

"Embora no Brasil os casos de construções megalíticas sejam raros, acentuamos que as correntes telúricas estão por toda parte. Infelizmente, não temos mais a flexibilidade de antigamente, quanto a terras disponíveis, para se achar os pontos de maior ou menor intensidade telúrica."

Porém obtivemos o conhecimento ao estudarmos os lugares iniciáticos europeus, um legado que nos foi deixado. E pudemos estabelecer que as vilas druídicas eram lugares onde perpetuamos a sapiência tirada de uma tradição milenar, colocando em prática uma fraternidade espiritual. Uma vila druídica é o local onde há uma casa de preces, de trabalho e de repouso.

"Como a árvore do mundo, o eixo central da vida, que das profundezas às alturas conecta a terra aos céus e nos une neste bosque sagrado, onde todos os tempos e lugares se encontram!"

Doutrina Religiosa e Relatos Romanos

Os relatos de César são tentadores, mas nem ele César, nem qualquer outro escritor nos deixaram nada além de informações superficiais sobre o que os druidas acreditavam ou falavam sobre o mundo divino. César listou muitos tópicos nos quais diz que os druidas mantinham longas discussões ou instruíam pupilos com poderes e esferas de ação dos Deuses imortais. Mas atesta que os druidas professavam saber a vontade dos Deuses e muitos autores falam que, os druidas tinham poderes divinatórios e prognósticos.

Diodorus reforça que eles falavam a "língua dos Deuses" e suas meditações com o mundo sobrenatural eram em busca de bênçãos para seus devotos. Lucan comenta quase exatamente a mesma coisa, dizendo que os druidas tinham a sabedoria dos Deuses.

Um detalhe específico sobre a doutrina ensinada é mencionado por César e refere-se ao culto aos Ancestrais: "Os gauleses acreditavam serem descendentes de DisPater e dizem que essa é a crença druídica". DisPater era um Deus romano, da noite e da morte, mas o comentário de César indica que os gauleses tinham um Deus semelhante ao deles. Os romanos também falam da sabedoria oral, do ensinamento dos filhos de nobres, distinguindo bardos e druidas.

Tácito chega a falar de uma escola celta em Burgundy (região da Borgonha, França), onde eles agiam como historiadores, que pesquisavam o mundo natural, eram filósofos, cientistas, faziam reunião em bosques e sítios, todas essas informações nos dão um esboço geral e externo da casta druídica. César chega a dizer que os druidas usavam o alfabeto grego para seus relatos públicos, mas consideravam impróprio escrever sobre seus estudos, mas tudo que foi relatado não basta para reconstruirmos sua doutrina religiosa.

Fonte bibliográfica:
The World of The Druids - Miranda J. Green
Ed. Thames Hudson 1997.