CHEGUE NA PAZ

27 de jan. de 2015


Por que me sinto sempre infeliz?

Porque me sinto inferior, infeliz, sem lugar, sem amor nesse mundo? Um dilema que a grande maioria de nós já viveu, ou ainda vive... hoje quero refletir com vocês...

Uma criança nasce, completamente entregue, confiante, relaxada, não sabe de nada, não conhece nada, e está plenamente realizada e feliz sem motivo algum. Como pode depois de alguns anos, se transformar em uma pessoa sofrida, amarga, infeliz, como pode conter em si sentimentos de rancor, medo, culpas, vícios, desgosto, mágoas? Como isso é possível? O que levou aquela criança tão simples, tão relaxada em si mesmo, a se transformar em alguém que perdeu toda a graça de viver, que perdeu de vista toda a leveza e beleza da vida, o que foi que aconteceu?

Nascemos puros, simples, sem ambição. Somos tão realizados em nós mesmos, não temos ódios, raivas, não temos desejos nem lembranças pesadas. Somos simplesmente o momento presente. Se temos sono, dormimos, se temos fome, comemos, se temos preguiça, descansamos, se estamos alegres, brincamos, sorrimos, e assim vivemos os dias em total felicidade gratuita, descondicionada.

Acumulamos tanto saber, tantos conceitos, tanto conhecimento que vamos perdendo de vista aquela pureza e simplicidade original. Nossa mente passa a ser tão prolixa, tão falante, tão dominadora, tão cheia de condicionantes, normas, condutas, memórias, complexos, regras, tudo aprendido, tudo isso vindo de fora, nunca foram originais de nós mesmos.

Estes comportamentos aprendidos, são aprisionantes. Nos enchem de medos, e acabamos por nos tornar divididos entre aquilo que sentimos profundamente e que nosso coração puro aponta, e aquilo que é o "certo" que é o "conveniente" socialmente falando.

Cria-se daí uma divisão dentro de nós. Ficamos meio lá meio cá. Cria-se em nós um inferno. Sentimentos se misturam, emoções ficam confusas, não compreendemos aquilo que se passa dentro, nem aquilo que se passa fora de nós.

Acreditamos que somos errados, porque a sociedade, a família, os sistema
religioso, político, educacional pressionam, e nos sentimos fracos, errados, incompetentes, e vamos perdendo o brilho, e a alegria de viver. Somos cobrados, somos desafiados, somos pressionados e julgados, e condenados. Somos vítimas e algozes uns dos outros. A própria imagem que criamos de nós mesmos é negativa. Não conseguimos nos amar, nem em reconhecer a nossa beleza única, autêntica. Percorremos tantos caminhos sem sentir o sabor do vento no rosto, sem sentir o coração batendo, sem sentir o amor manifesto a nossa volta; mergulhamos em uma espécie de poço sem fundo, longe da luz, longe de si mesmo....Neste estado de obscuridade vivem hoje milhões de pessoas neste mundo. Sobrevivem sem se dar conta de onde se perderam de si mesmas.

Onde foi parar aquela criança linda, pura, simples, confiante, entregue e em paz que foram um dia?

Nossa verdade original permanece sempre aqui. Apesar de acreditarmos que ela se perdeu de nós, na verdade ela é a única verdade nisso tudo. Nossa essência jamais é perdida, ela é confundida, com uma imensidão de coisas falsas, que um dia tomamos por verdadeiras, mas nunca foram...

Nunca deixamos de ser essa verdade. Acreditamos em conceitos que nos falaram, em regras que nos impuseram, em normas que tentamos seguir. Acreditamos que somos errados, que somos pecadores, que somos inferiores, que não temos direito ao amor, a alegria, a felicidade. Tudo isso são histórias que nos contaram e acreditamos sem refletir. Aceitamos e seguimos nossa vida baseada nesses conceitos mentirosos.

Se paramos para ver, e olhamos com atenção para toda essa infelicidade que querem nos "vender" todos os dias...podemos parar e compreender que a vida continua seguindo seu ritmo, o coração continua batendo, toda a natureza permanece no controle, e nós somos parte dela, somos ela na verdade, não somos estrangeiros, somos onda desse mar...

Nunca houve um "derrotado", a natureza não dá valor a ganhar ou perder. Todos são importantes por serem únicos, todos são jóias preciosas dessa imensa festa chamada vida. Se permanecemos fechados em nós mesmos, acreditando em conceitos mentirosos, criados por pessoas também infelizes, podemos...mas o sol continua brilhando lá fora todos os dias...

Abrir nossas janelas internas é descobrir nosso próprio coração. Abrir nossas janelas internas, é descobrir a verdade do Ser em nós. Permanecemos os mesmos, imaculados de outrora. A beleza do infinito é nosso Ser.

O Ser que existe em cada um de nós, e por ser tão puro se envolve, se comove, se humilha, se desfaz de si mesmo...mas também se recompõe e se refaz, se reconstrói e se realiza... tem a infinita capacidade de se recuperar e de se desfazer das amarras...

O Ser é a divindade em nós. Nossa dimensão eterna, bela, pura, perfeita e absolutamente original, a dimensão que nasce, que emerge nesse mundo como as ondas do oceano...

Viver de passado, de conceitos, de memórias ou sonhos, é cair na armadilha das histórias da mente crítica, a causa da infelicidade.

Voltar a atenção ao momento presente, aquilo que é real, a aquilo que somos, aquilo que se passa a nossa volta, aos pequenos e belos detalhes únicos que se apresentam sempre puros, autênticos e passageiros...isso é retomar a pureza de se viver o aqui e agora na sua totalidade.

Reconhecer nossa real natureza, retomar o momento presente de forma consciente é a cura para todos os supostos "males" que carregamos como sendo nossos. Nunca foram na verdade. Nossa luz que nutria cada um deles. E quando nos damos conta disso, mudamos, recuperamos a simplicidade e leveza originais, e não mais alimentaremos pensamentos, sentimentos menores que nos afastem de nós mesmos...

Felicidade não se aprende, se É!
E é sempre PRESENTE!

Nossa grandeza, está em realizar a essência do Ser em cada um de nós, aqui e agora e permanecer alerta, consciente de que o Ser que é terno, é livre, e absolutamente realizado em Si mesmo... e isso é LIBERDADE..

Termino com uma frase luminosa de Darshan Singh Maharaj sobre isso:
"O Supremo é como o sol. Se buscássemos Sua Luz e pudéssemos manifestá-la dentro de nós, todas as luzes tornar-se-iam desnecessárias, porque onde brilham os raios do sol, não há necessidade de lâmpadas, nem velas, nem candelabros. Não somente as luzes menores se tornam desnecessárias, mas todos os nossos problemas, tribulações e preocupações são eliminados..."



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