CHEGUE NA PAZ

20 de ago. de 2014


A História da Bruxa

Era uma vez… uma bruxa que tinha duas aprendizes de feiticeira, y três duendes:
Eleonora, a mais velha
Rosalinda, a mais nova
Ruperto, o duende voador
Miosótis, a princesa dos duendes
E finalmente, Poor, o duende pequeno.

A bruxa tinha muitos defeitos a serem corrigidos, e poucas virtudes, mas isso não a incomodava, pois acreditava no processo da evolução e sabia que um dia não teria defeitos. Estes eram: um nariz enorme, com o qual “cheirava” os problemas de longes antes que acontecessem. Orelhas bem pontudas, que sabiam ouvir as tristezas e as alegrias de quantos a procuravam; olhos muito abertos com os quais penetrava as almas e as desvendava. Boca terrível e estragada, com a que proferia palavras amargas, mas verdadeiras; às vezes, tinha-se a impressão de que falava grego, pois as pessoas não a entendiam. Mas ela acreditava na semeadura, e tinha certeza de que um dia suas palavras dariam bons frutos.

Dizem que contava histórias, com as quais procurava ensinar coisas sabias a quem as quisesse ouvir. Falam que gostava muito de tempestades, pois vivia no meio de elas, mas nunca se soube ao certo, se isso era verdade. Tinha uma mente aberta e dirigida para o futuro, pronta para aceitar as idéias de outrem quando verdadeiras, mas isso foi considerado como volubilidade.

Sua debilidade foi seu coração, pois era demasiado grande para o seu corpo; mas poucos viam isso e o sobrecarregavam com suas tristezas e seus problemas, o que foi fazendo com que se torna-se maior ainda. Mesmo assim ela achava que a única coisa que a salvava, quando tudo ia mal, era esse coração, que por ser tão grande, chegava até o Céu, e enchia-se da Corrente Cósmica do Amor, transmutando assim, seus problemas e os dos outros. Muitas pessoas achavam que ela era boba em acreditar em anjos e outros seres do plano invisível que a protegiam, mas ela tinha certeza da existência de forças ocultas que trabalhavam pelo bem-estar de todos, inclusive desses que não acreditavam nela e em seus sonhos e visões.

Eleonora, sua aprendiz de feiticeira mais antiga, era muito bonita, tão linda que muitos corações dela se aproximavam; Eleonora, como todos, tinha muitos defeitos e muitas virtudes, o que lhe causava grandes problemas e muitos desgostos. Na época em que a encontramos, era muito jovem e inexperiente, mas trazia consigo muito conhecimento adquirido em suas existências anteriores. Talvez, por sua pouca idade, era -debaixo de uma aura madura do conhecimento passado- muito infantil, e ao igual que quase todos os jovens, tinham uma pequena dose de egoísmo que a fazia sofrer bastante, pois ainda não tinha experimentado a felicidade de esquecer-se de si próprio, em prol de um bem maior para as pessoas que nos rodeiam. O eterno dar sem receber, pois somente assim se recebe de volta, mil vezes o que demos.

Passavam os dias e os meses, e Eleonora não se harmonizava com Rosalinda e com os duendes, o que deixava um profundo pesar na bruxa, que tudo fazia para ver este seu grande sonho realizar-se. Eleonora era bastante solicitada e assediada pelos duendes, que além de não ajudar em nada, criavam muitos problemas, pois tudo para eles era brincadeira. E assim… no reino da bruxa não havia Paz. Eleonora era muito avançada para o tempo em que vivia, e por isso -ao igual que a bruxa- necessitava de harmonia
e tranqüilidade; mas bruxas modernas não podem viver isoladas, fazendo o que gostam.

O mundo é muito dinâmico, e elas escolheram viver neste tempo, mas Eleonora não tinha consciência disso e vivia muito revoltada; por esse motivo expressava sua ansiedade e seus dissabores em pequenos escritos que deixava por aí, pois não tinha privacidade alguma. O ruim é que freqüentemente, seus objetos mágicos eram foco da curiosidade de Rosalinda, que sendo totalmente irresponsável, apoderava-se das coisas de sua companheira feiticeira, somente por diversão, o que deixava Eleonora transtornada, criando muitos conflitos para a bruxa, que de repente se via apanhada em meio a um redemoinho de insultos e discussões,
sem saber como dar um fim na situação.

Eleonora era a maior preocupação da bruxa, pois tendo aprendido grande parte das lições ensinadas por ela, pensava que era dona do mundo -e era- porém não sabia como usar seus conhecimentos para obter o que desejava, pois sua rebeldia a cegava e cada vez se distanciava mais e mais de seus objetivos. A bruxa tentava mostrar-lhe o caminho mais fácil, tentava fazê-la entender e aprender a ser uma rocha em meio das fúrias da natureza humana; mas ao contrário, Eleonora se deixava arrastar pelos ventos dos impulsos violentos, gerando mais violência. Nada disto era culpa dela, pois não sabia como fechar-se, como proteger-se; ainda não tinha consciência de que fazendo tudo pelo outro, é a única forma de fazê-lo por nós mesmos. E a bruxa se preocupava muito, pois muitas vezes o Sol se levantaria e se esconderia, até que Eleonora, de tanto sofrer, aprendesse uma lição tão simples.

Rosalinda era muito forte e extremadamente atraente, não entanto demasiado criança, levando tudo e a todos como se fossem brinquedos; muito sensível e emotiva para consigo mesma, sempre se considerando vítima, infeliz e usada; muito ciumenta, dizem que gostava de um jogo de interesses. Para compensar, tinha um coração razoavelmente bem formado, que quando ela o deixava expressar-se a mostrava muito inteligente; mas ela não se emendava quando fazia algo errado, o que quase sempre era criar problemas com os duendes. Ainda assim, conseguia -quando queria- uma boa harmonia com eles e até com Eleonora; a bruxa não se preocupava muito com sua forma de atuar, pois tinha tido notícias de um reino distante no tempo, de que ela no futuro seria muito valiosa para todos e traria muitas alegrias, sendo boa com todos e especialmente com a bruxa.

Parece que ela era a guardiã de Ruperto, o duende voador; entre as notícias que lhe havia chegado, uma dizia que em um futuro muito distante, ela teria um enorme peso em seu destino. Isso sim, seguidamente levava a bruxa a pensar que Rosalinda deveria desenvolver princípios morais e espirituais muito rígidos e corretos, para poder ajudar o duende voador a encontrar seu verdadeiro destino. O duende era muito manhoso, o que irritava profundamente a todos, e que o fazia objeto de muitas piadas; mas aos poucos ele estava se modificando e chegaria a ser um grande mago-guerreiro. Ele criava alguns problemas e deixava muitas coisas jogadas, era pequeno e preguiçoso, não querendo fazer nada em absoluto; quando conseguia algo por suas próprias mãos, ficava muito satisfeito e orgulhoso contando a todos suas façanhas. Tinha um grande sonho: ter uma vassoura enorme para levar as pessoas que amava pelo céu bem perto do Criador.

Dócil às vezes, difícil quase sempre; somente com muito tato e paciência a bruxa conseguia as coisas com ele; era extremamente ligado com Miosótis, a princesa dos duendes e com Poor, o duende menor. Miosótis era muito peralta, ajudava muito a bruxa quando estava disposta a isso, ou quando a bruxa a obrigava. Seus olhos eram tão pequenos que pareciam duas faíscas, e revelavam muita picardia; era feliz em meio das tormentas, perspicaz e faceira; provavelmente se tornaria uma grande bruxa. Todos no reino gostavam muito dela por sua educação que às vezes aflorava não se sabe de onde, com muito requinte.

Poor, o duende menor, era muito inquieto, pouco sabia da vida, tão pouco que subia em tudo sem ver que cairia até cair; muito forte e imperioso, quando queria algo não esperava para consegui-lo, fazia o mundo de a bruxa ficar de cabeça para baixo com seus pedidos. Foi o último que saiu da mão da bruxa. Ela era moderna e ambiciosa; vivia em uma boa casa, passava trabalho, mas não se contentava com o que tinha, queria melhora material, afetiva e espiritual; muitas vezes enxergava gente em pior situação que a sua, mas nem sequer isso lhe servia de consolo. Tinha necessidade urgente de harmonia e Paz em seu reino; havia um equilíbrio muito frágil, como um cristal, que duas por três se fazia em pedaços por causa das bombas jogadas por um mago negro, de um reino distante, tão distante que perdia-se nas névoas de seu passado. Precisava encontrar um material duro, que não se quebrasse como o cristal, para construir um equilíbrio duradoiro, e por isso passava horas e horas em sua caverna, fazendo feitiços e experimentando poções mágicas, na tentativa de descobrir esse material. Sabia que cedo ou tarde o encontraria, era apenas uma questão de tempo, somente esperava que não demorasse muito, pois às vezes desanimava de tanto juntar cacos de cristal e ferir-se com eles. Ainda assim era feliz, muito feliz, olhando o largo e difícil caminho que a havia levado a construir aquele reino, pois finalmente depois de tantas lutas, depois de tantas derrotas e vitórias amargas, haveria Paz, finalmente haveria Paz. Nunca sentiu-se só, as feiticeiras e os duendes preenchiam totalmente suas necessidades afetivas; os amava como se fossem seus filhos, e não como Filhos da Vida, que eram.

Desejava saber ser o arco que lhes serviria de impulso final a seus próprios destinos. Seguidamente se perguntava se eles entenderiam o Amor que lhes tinha, e as decisões que havia tomado, ou se um dia a culpariam por tê-los arrastado com ela, em busca do que considerava una vida melhor para todos. De todas formas por mais que esse temor às vezes a assaltava, não tinha dúvidas de ter escolhido o caminho correto, e faria tudo para protegê-los de qualquer coisa que os seres de outros planos lhe dissessem que seria ruim para eles, até o dia que soubessem cuidar-se sozinhos, o que não demoraria muito.

O tempo passa depressa, ela o sabia, pois como diz um antigo ditado:”vinte anos não são nada” , e dezesseis já haviam passado desde que ela deixara sua Mestra, para submergir em uma situação imprudente, por sua própria vontade. Será que haveria ao fim um ajuste de contas, e tudo ficaria resolvido? Ou seria em uma próxima existência? Em sua infinita ignorância, esperava que tudo ficasse resolvido nesta mesma. E se estivesse errada? Haveria sido injusta e pagaria muito caro pelo seu erro. E o tempo passava e ela se angustiava em busca de harmonia em seu reino; estava cansada de tudo isso e desejava mais que nada que tudo se decidisse de uma forma ou de outra, de uma vez por todas e para sempre.

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