CHEGUE NA PAZ

24 de mai. de 2013


DEPRESSÃO 

Dizes que sofres angústias 
Até mesmo quando em casa, 
Que a tua dor extravasa 
Nas cinzas da depressão. 
Que não suportas a vida, 
Nem te desgarras do tédio, 
O fantasma, em cujo assédio 
Afirma que tudo é vão. 

Perto da rua em que moras 
Há uma viúva esquecida, 
Guarda o avô quase sem vida 
E três filhinhos no lar; 
Doente, serve em hotel, 
Trabalha na rouparia. 
Busca o pão de cada dia, 
Sem tempo para chorar. 

Não longe triste mulher, 
Num cubículo apertado, 
Chora o esposo assassinado 
Que era guarda de armazém... 
Tem dois filhinhos de colo. 
Por enquanto, ainda não sabe 
O que deve fazer da existência. 
Espera pela assistência 
Dos que trabalham no bem. 

Um paralítico cego, 
Numa esteira de barbante, 
Implora mais adiante 
Quem lhe dê água a beber... 
Ninguém atende... 
Ele grita, 
Na penúria que o consome, 
Tem sede e febre, tem fome, 
Sobretudo quer morrer. 

Depressão? 
Alma querida, 
Se tens apenas tristeza, 
Se te sentes indefesa, 
Contra a mágoa e dissabor, 
Sai de ti mesma e auxilia 
Aos que mais sofrem na estrada. 
A depressão é curada 
Pelo trabalho do amor. 

 Maria Dolores /  
Chico Xavier