Homão é aquele que tem assistido a ascensão feminina nas
empresas, na política, na arte, no esporte e tem achado tudo mais do que
justo. Nunca li um artigo de um homem reclamando por as mulheres
estarem dominando o mundo (não acredito que escrevi isso!). Ao
contrário: os inteligentes (e todo homão é inteligente) estão tendo
muito prazer em compartilhar seus gabinetes conosco e não choram pelos
cantos caso tenham uma chefe mulher (homão chora, mas chora por amor,
não por motivos toscos).
Homão gosta de mulher. Parece óbvio, mas há muitos homens (não homões)
que só gostam de mulher para cama, mesa e banho. O homão gosta de mulher
para cama, mesa, banho, escritório, livraria, cinema, restaurante, sala
de parto, beira de praia, estrada, museu, palco, estádio. E, às vezes,
pode nem gostar delas pra cama, mesa e banho, e ainda assim continuar um
homão.
Homão é aquele que encara parque no final de semana, faz um jantar
delicioso, dá conselho, pede conselho, trabalha até tarde da noite,
compensa no outro dia buscando os filhos na escola, dirige o carro, em
outras vezes é co-piloto, não acha ruim ela ganhar mais do que ele, não
acha nada ruim quando ela propõe uma noitada das arábias, recebe amor,
dá amor, é bom de contabilidade e sabe direitinho o que significa
fifty-fifty.
Homão é aquele que compreende que TPM não é frescura e que reconhece que
filhos geralmente sobrecarregam mais as mães do que os pais, então eles
correm atrás do prejuízo, aliviando nossa carga com prazer. Homão acha
um porre discutir a relação, mas discute. Homão não concorda com tudo o
que a gente diz e faz, senão não seria um homão, e sim um panaca, mas
escuta, argumenta e acrescenta idéias novas. Homão não fica dizendo que
no tempo do pai dele é que era bom, o pai mandava e a mãe obedecia.
Homão reconhece as vantagens de estar interagindo com seres do mesmo
calibre e não depende de uma arma ou de um carro ultrapotente para
provar que é um homão. O homão sabe que não há nada como ter uma grande
mulher a seu lado.
(Martha Medeiros)