CHEGUE NA PAZ

18 de abr. de 2011

A lição do rio

E o RIO corre sozinho
Vai seguindo seu caminho
Não necessita ser empurrado
Pára um pouquinho no remanso
Apressa-se nas cachoeiras
Desliza de mansinho nas baixadas
Precipita-se nas cascatas
Mas, no meio de tudo isso
Vai seguindo seu caminho
Sabe que há um ponto de chegada
Sabe que seu destino é para a frente
O rio não sabe recuar
Seu caminho é seguir em frente.

É vitorioso, abraçando outros rios,
Vai chegando no mar
O mar é sua realização
É chegar ao ponto final
É ter feito a caminhada
É ter realizado totalmente seu destino.

A vida da gente deve ser levada do jeito do rio
Deixar que corra como deve correr
Sem apressar e sem represar
Sem ter medo da calmaria
E sem evitar as cachoeiras.

Correr do jeito do rio, na liberdade do leito da vida, sabendo que há um ponto de chegada. A vida é como o rio. Por que apressar?
Por que correr se não há necessidade? Por que empurrar a vida?
Por que chegar antes de se partir? Toda natureza não tem pressa.
Vai seguindo seu caminho.

Assim é a árvore, assim são os animais. Tudo o que é apressado perde gosto e o sentido. A fruta forçada a amadurecer antes do tempo perde o gosto. Tudo tem seu ritmo. Tudo tem seu tempo.
E então, por que apressar a vida da gente?

Desejo ser um rio...
Livre dos empurrões dos outros e dos meus próprios
Livre das poluições alheias e das minhas
Rio original, limpo e livre
Rio que escolheu seu próprio caminho
Rio que sabe que tem um ponto de chegada
Sabe que o tempo não interessa.

Não interessa ter nascido a mil ou a um quilômetro do mar.
Importante é chegar ao mar. Importante é dizer "cheguei"...
E porque cheguei, estou realizado.
A gente deveria dizer: não apresse o rio, ele anda sozinho.

Assim deve-se dizer a si mesmo e aos outros: não apresse a vida, ela anda sozinha. Deixe-a seguir seu caminho normal. Interessa saber que há um ponto de chegada e saber que se vai chegar lá. É bom viver do jeito do rio!

"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente."

Henfil